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Moradores do bairro aprovam nova área de convivência e apostam no fim das enchentes em dias de temporal.

Elizete Rocha mora há 15 anos em frente à Praça da Bandeira. Nesse período, viu muitas enchentes (ficou ilhada em algumas) e testemunhou várias cenas de desespero. Ao longo de uma década e meia, nunca usou a praça como praça. O nome de seu bairro só servia mesmo de endereço e para piadinhas. “Você mora na Praça da Banheira?”, era a que mais ouvia.

Quando o tempo fecha, ela ainda se preocupa. Mas, nos últimos dias, Elizete, que tem 55 anos, viu uma série de mudanças ali. A principal? Ela e outros vizinhos viraram frequentadores da praça, que ganhou um grande reservatório subterrâneo contra enchentes.

Na noite de quinta-feira, Elizete fazia ginástica na academia ao ar livre montada no local. Os aparelhos são uma das novidades da praça, reinaugurada no último dia 7 depois de dois anos fechada para a construção do reservatório.

“A praça mudou mesmo. Para começar, está bem iluminada. Antes, era cheia de moradores de rua, que dormiam sob as árvores”, conta a fisioterapeuta Maria Nazareth da Conceição, de 61 anos, vizinha de Elizete.

A Praça da Bandeira começa a ser redescoberta como área de convivência, mas, entre seus frequentadores, ainda restam dúvidas sobre o potencial do reservatório que fica em seu subsolo. Mesmo assim, na segunda-feira de carnaval, um dia após um temporal ter castigado a cidade, não se falava em outra coisa: não houve enchente no local. O sucesso do primeiro teste de fogo é um dos motivos que fazem parte dos moradores da área acreditarem em dias melhores. 

A Barão de Iguatemi está evoluindo e, com a revitalização da praça, esse desenvolvimento vai se espalhar.
Mariana Rezende, sócia de um bar próximo à Praça da Bandeira 

 

Na reinauguração da praça, o prefeito Eduardo Paes destacou que a região só ficará livre dos alagamentos em 2016, quando todos os reservatórios contra enchentes da Grande Tijuca — três ainda estão sendo construídos — ficarão prontos, assim como as obras que farão um desvio do Rio Joana.

No dia 5 de fevereiro, o alerta do prefeito para o risco de um forte temporal deixou comerciantes de cabelos em pé na Rua Barão de Iguatemi. Todos acham que a situação está melhorando, mas basta uma trovoada para que a via fique vazia e lojas sejam fechadas com direito a proteção nos portões para tentar impedir a entrada de água.

Diferentemente da praça, que só agora volta a ganhar vida, a Barão de Iguatemi é movimentada há alguns anos devido aos seus bares e restaurantes. Ali, há fluxo de clientes a semana inteira, e o charme dos estabelecimentos — ainda há um clima de subúrbio, com direito a senhoras em cadeiras de praia na calçada, jogando conversa fora até a madrugada — contrasta com o aspecto de abandono que marca outras ruas do bairro.

Antes tomada por borracheiros, a via ficou badalada graças ao Aconchego Carioca, aberto por Katia Barbosa e Rosa Ledo em 2002. O restaurante tomou o lugar da delegacia (18ª DP) como referência principal da rua e deu ‘‘filhotes’’.

Sócia do Bar da Frente (que fica literalmente em frente ao Aconchego), Mariana Rezende garante que o processo de melhoria da Praça da Bandeira não tem volta.

“A Barão de Iguatemi está evoluindo e, com a revitalização da praça, esse desenvolvimento vai se espalhar, chegando à Rua do Matoso e adjacências e atraindo mais comerciantes”, aposta Mariana.

Por Ludmilla de Lima/O Globo

 

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