Se a previsão for cumprida, até as Olimpíadas ela estará pronta para visitação

Fonte por Mauricio Peixoto para Jornal O Globo

Não muito conhecida, mas de grande valor histórico, a Trilha do Rio Carioca, no Parque Nacional da Tijuca, está sendo revitalizada e preparada para a visitação. Se a previsão se cumprir, até o início dos Jogos Olímpicos, no dia 5 de agosto, ela estará apta para receber os amantes da caminhada.

Há cerca de quatro meses, uma equipe de seis pessoas vem fazendo as reformas necessárias.

— A trilha sempre existiu, mas é mais usada pelo pessoal da Cedae, que faz trabalhos de manutenção nos encanamentos e nas subestações — conta Peterson de Almeida, monitor do Parque Nacional da Tijuca. — Ela estava com muita erosão. Consertamos o leito e instalamos pontes e placas.

Segundo ele, o traçado de alguns trechos, mais inclinados, foram modificados.

— Além do valor histórico e cultural, o caminho pode ajudar a evitar que as pessoas subam a pé pela Estrada das Paineiras, já que não há acostamento. É mais seguro e rápido por aqui — comenta Almeida.

Existem ainda planos de construir um mirante com vista para o centro da cidade, a ponte Rio-Niterói e a Serra dos Órgãos.

— Se a fila do Corcovado estiver muito grande, o visitante poderá dar uma passada no mirador antes. Pretendemos colocar um deque — completa o monitor.

A Trilha do Rio Carioca começa nas imediações do Hotel Paineiras e termina na Estação Mãe D’Água, em Santa Teresa, no início da Estrada das Paineiras. É ali que segue o curso d’água de 7,1 km de extensão, que batizou o povo da cidade e dá nome à senda.

A história do rio remonta ao século XVIII. Com o estabelecimento da Colônia no Morro do Castelo, no Centro, o curso d’água se tornou a principal fonte de abastecimento da cidade. Mas, centenas de anos depois, o que se nota ao percorrer suas margens é um total descaso. Ele, que nasce límpido no Parque Nacional da Tijuca, vai ganhando ares de valão à medida que se aproxima das construções. Além disso, equipamentos como a Caixa da Mãe D’Água e o Reservatório do Carioca, construídos em 1744 e em 1865, respectivamente, estão abandonados, com gradis enferrujados e pichações.

A Caixa da Mãe D’Água captava e decantava as águas do Rio Carioca que eram distribuídas nos chafarizes do Rio. Ela está desativada desde a década de 1980, apesar de ser patrimônio histórico nacional.

A Secretaria estadual de Meio Ambiente tem um projeto para recuperá-la. Orçado em R$ 10 milhões, deve ser aprovado em maio. As obras estão previstas para começar em 2017.

— Queremos revitalizar o local, que é a origem do abastecimento de água em larga escala do município. Pretendemos construir um museu para contar esta história. Que fique claro que ele não será reativado como ponto de abastecimento — explica o secretário estadual de Meio Ambiente, André Corrêa.

Pelo caminho também é possível encontrar ruínas de casas da época, além da Capela São Silvestre, no Sumaré, conhecida como a menor capela do mundo.

Atualmente, o Rio Carioca ainda serve para abastecimento, mas apenas para algumas localidades de Santa Teresa, como parte da Estrada Heitor da Silva Costa e da Ladeira dos Guararapes, e para as comunidades do Cantão, Cândido e Guararapes. No caminho é possível ver duas subestações da Cedae.

Apesar disso, a equipe Jornal encontrou diversas ligações clandestinas, que vão em direção à comunidade Silvestre. Sobre elas, a empresa informou que técnicos da companhia fazem um trabalho permanente e constante para cortar os “gatos” que são feitos por moradores das comunidades de Santa Teresa, que os religam com frequência.

 

Veja essa e outras matérias no Caderno Grande do NaTijuca.com