Escondido. Busto de Tomás Delfino dos Santos, médico e político brasileiro, está ao lado da cabine da PM – Felipe Hanower

O busto de Oswaldo Diniz Magalhães, professor de educação física tijucano, é a maior das esculturas da Praça Saens Peña

Por O Globo

A Praça Saens Peña ostenta três esculturas em homenagem a personalidades que fizeram parte da História do Rio desconhecidas por boa parte da população. Nas peças não há textos a respeito dos homenageados e sua importância para a sociedade, assim como falta informação sobre os autores e a data de criação de cada uma delas.

No dia da visita da equipe de reportagem do Jornal, nenhum dos entrevistados na praça soube precisar quem eram os homenageados.

— Essas homenagens são de muito tempo atrás. É preciso preservar a História — queixa-se a recepcionista Márcia Santos.

No livro “Ao amor do público”, de 2015, o autor Hugo Segawa lista os monumentos, esculturas e chafarizes do Rio de Janeiro, fazendo oito referências bibliográficas e citações a mais de 30 sites sobre o assunto.

Maior das esculturas da praça e também a mais fácil de ser identificada, a estátua de Oswaldo Diniz Magalhães (1904-1998), quase na esquina com a Rua Carlos de Vasconcelos, é uma homenagem ao professor de educação física tijucano. Um dos fundadores da Associação Cristã de Moços e criador do programa “A hora da ginástica”, da Rádio Nacional, Magalhães (1904-1998) foi nadador, jogador de vôlei e de futebol. A estátua de bronze com pedestal de granito, de autoria de Matheus Fernandes, foi inaugurada em 1957 em cerimônia que contou com a participação do próprio homenageado, raridade para uma época que só tinha solenidades do gênero póstumas. Feita de bronze, exibe um atleta com um bastão na mão, simbolizando o rádio-ginasta.

Próximo à estátua de Magalhães, um busto discretamente posicionado ao lado da cabine da PM parece escondido no meio do movimento da praça. Trata-se de uma homenagem ao carioca Tomás Delfino dos Santos (1860-1947), médico e político, senador pelo então Distrito Federal (1896 a 1906) e deputado federal de 1894 a 1896 e de 1912 a 1917. Assinada por Ruffo Fanucchi, a peça de bronze foi fundada em 1954 e encomendada por iniciativa do Movimento Libertador da Terra Carioca, tendo como principal idealizador o jornalista tijucano Heitor Beltrão, que também foi presidente do Tijuca Tênis Clube. A homenagem foi retirada da Praça Saens Peña para as obras do metrô em 1976, guardada no depósito da Fundação Parques e Jardins e reinstalada em 1996.

Por fim, na outra extremidade da praça, próximo à esquina da Conde de Bonfim com a General Roca, um busto que não exibe detalhes sobre o homenageado e nem data de fundação. Feita de bronze e inaugurada em 1952, a peça, também de Ruffo Fanucchi e também encomendada pelo Movimento Libertador Carioca, homenageia o político carioca Barlett George James (1886 -1939). Foi deputado federal e senador, tendo fundado e presidido a Legião Cívica. James se casou com Nuta Barlett James (1885-1976), feminista que lutou pelo voto das mulheres no início do século XX, tendo ela herdado o seu sobrenome. A residência do casal no bairro de Todos os Santos foi foco de resistência contra os presidentes Epitácio Pessoa e Artur Bernardes (ambos da República do Café com Leite, quando paulistas e mineiros se revezavam na presidência).