Fonte no Lago das Fadas está com azulejos e mármores corroídos, além de não ter água escoando – Maurício Peixoto

Grupo irá enviar relatório à Câmara Técnica de Patrimônio Cultural do PNT a respeito do problema

Por Maurício Peixoto para O Globo

O Parque Nacional da Tijuca (PNT) abriga um grande acervo de obras de arte a céu aberto. Em meio a ruínas, monumentos e jardins históricos, as fontes e bicas se destacam. Herança da época do Brasil Império ou da gestão do mecenas franco-brasileiro Raymundo Ottoni de Castro Maia, a grande maioria das pouco mais de 20 fontes apresenta defeitos de manutenção, e problemas no escoamento ou estéticos. Em uma enquete realizada pela Associação Amigos do Parque Nacional da Tijuca no final de 2017, ciclistas que costumam circular pela região apontaram como urgente a necessidade de reparos nas fontes de valor arquitetônico.

— Os frequentadores sentem falta de água no parque, principalmente os ciclistas e esportistas, pessoas que transpiram bastante e não veem bicas funcionando para se refrescar. Isso é intrigante, pois a floresta é cheia de nascentes e rios — afirma Roberto Nascimento, diretor executivo da associação.

Um grupo formado por integrantes da Amigos do Parque, pela arquiteta Vera Dias, da diretoria de projetos da Fundação Parques e Jardins, e pelo analista ambiental Chico Livino, do setor de Uso Público do Parque Nacional da Tijuca, resolveu fazer um mapeamento preliminar para identificar os danos nas fontes. O grupo está fazendo vistorias com o objetivo de produzir um relatório para ser apresentado à Câmara Técnica de Patrimônio Cultural do PNT que, por sua vez, verá a melhor forma de executar os trabalhos e viabilizar as revitalizações e reformas. Para que o relatório seja enviado à câmara técnica, é preciso que haja a liberação da presidência da Fundação Parques e Jardins. Em seguida, é necessária uma aprovação do Iphan, já que se trata de monumentos históricos. Portanto, ainda não há prazo para o começo dos trabalhos.

— Essas fontes prestam o importante papel de contar a história do parque e ainda refrescam quem o visita — pondera Vera Dias.

Cinco fontes na Estrada Dona Castorina (Serra da Carioca, setor mais frequentado por grupos de ciclistas), da época do imperador Pedro II, estão em desuso. Com estruturas da época de Castro Maya, as fontes do Setor Floresta estavam, em sua maioria, em funcionamento, só que com os azulejos e peças de ferro malconservados.

A arquiteta diz que o trabalho, tanto de restauração quanto de religação de água, não é caro.

— Muitas vezes falta água porque algum tubo está furado ou mal direcionado ou o curso d’água foi interrompido graças à erosão ou ao assoreamento. Às vezes, a água está caindo em filete, sobre as peças de mármore, provocando uma destruição ainda mais rápida. É um trabalho braçal, mas nada complexo ou que precise de grandes recursos financeiros. Colocar um azulejo novo ou limpá-lo também é mais simples do que parece, mas, claro, sempre respeitando as regras do Iphan — explica Vera.

A arquiteta acrescenta que a ideia de aumentar o número de fontes foi apresentada no relatório para ser levada a debate.

— No setor da Pedra Bonita, por exemplo, não há nenhuma fonte.

Vera Dias fez ainda uma relação de fontes que foram construídas após o tombamento do parque, em 1967.

— Essas fontes fogem totalmente do padrão. Não somos a favor da retirada delas, mas de um desenho para torná-las mais parecidas com as originais — finaliza.