Primeira Feira Nacional do Podrão celebrará a autêntica comida de rua “raiz” – Agência O Globo

Evento acontece dias 17 e 18 deste mês no Maracanã

Por Geraldo Ribeiro para O Globo

Uma verdadeira tradição carioca, aquele lanche exagerado com tudo que o cliente tem direito e a um preço bastante convidativo — apelidado carinhosamente no subúrbio de “podrão” —, segue firme e forte na contramão da gourmetização da alimentação feita nas calçadas da cidade e acaba de ganhar um evento gastronômico para chamar de seu. A Primeira Feira Nacional do Podrão celebrará a autêntica comida de rua “raiz” durante dois dias (17 e 18 de março), na Tijuca, na Zona Norte do Rio.

— A ideia da feira é decorrente de duas observações: uma é situação de crise na qual as pessoas não têm muito dinheiro para se alimentar na rua e o podrão é bem barato. A outra é o contraponto dessa tendência de gourmetização da comida de rua, resgatando a tradição do X-Tudo e o churrasco completo — explica Suzzane Malta, uma das idealizadoras do evento juntamente com Natália Alves.

A feira, com um total de dez expositores, contempla vendedores de rua de diferentes localidades como Rocha Miranda, Duque de Caxias, Copacabana e Rio Comprido. As opções, com preços que variam de R$ 3 a R$ 30, vão de kibes, coxinhas e risoles de soja com legumes, queijos e tempero, para a turma vegana, passando pelo cachorro-quente com bastante milho, batata palha, ovo e “tudo que se tem direito”, destinado aos que encaram sem culpa a balança depois da comilança.

Para a turma que se encaixa na segunda opção, uma boa alternativa está nos superlanches dos irmão Thiago e Francisco Fonseca, de 36 e 25 anos, respectivamente. O exagero é a marca registrada da dupla que comanda a barraca Bebezões Lanches, na Rua Nova,em Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.

O carro-chefe deles é o hamburguer gigante, batizado de Tenebroso, que pesa dois quilos e leva oito carnes, oito fatias de queijo, três ovos, muito bacon, calabresa, maionese, ketchup, alface e tomate. Tudo dentro de um pão com cerca de 25 centímetros de diâmetro, feito por encomenda. A super delícia custa R$ 30. Difícil é conseguir comer sozinho. Os irmãos garantem que dá para quatro pessoas.

Se você acha pouco, outro chamariz da Bebezões é um cachorro-quente num pão de 30 centímetros, recheado com oito salsichas ou oito linguiças (a opção é do cliente), bastante vinagrete temperado, maionese, kectchup, mostarda, milho, ervilha, queijo ralado e batata palha. Também pesando dois quilios, o hot dog gigante, chamado de Colosso, custa R$ 18 (o de salsicha) ou R$ 20 (de linguiça).

— Sempre foi nosso sonho criar uma marca e hoje falou em Bebezões pensou em lanches gigantes — afirma Francisco, contando que os irmãos planejam para breve oferecer também pastéis de 50 centímetros e pizza de um metro de diâmetro.

Thiago contou que tudo começou com o sonho que o irmão teve com um hamburguer gigante. Não demorou muito para a dupla, que tocava a barraca havia cerca de um ano, transformar aquilo em realidade e descobrir o caminho do que viraria a marca registrade de seu comércio, que também vende lanches em tamanhos normais.

— O super-hamburguer nem é nosso carro-chefe em vendas, mas é certamente o chamariz — diz Thiago, acrescetando que vende entre 15 a 20 unidades, por noite.

Outra participante da feira que apostou no diferencial para atrair o público é Cátia Duarte, de 52 anos, da M.M Sabores, de Rocha Miranda. Sua especialidade são os botes e barcas de açaí. A maior barca vendida por ela pesa quatro quilos e dá para seis pessoas comerem. Mas, por causa do preço — R$ 52 — ficou fora da feira.

A opção para os frequentadores do evento será uma versão reduzida, a R$ 30, que pode ser consumida por até quatro pessoas. A diferença é que na cobertura ela adciona frutas como kiwi, uva, banana e morango, além de chocolate com avelã, brigadeiro e chantilly. Para quem não tem disposição de encarar a barca, a alternativa é o bote, uma versão menor, que sai a R$ 12.

— Meu filho consumia muito açaí e estava dando muita despesa. Um dia disse a ele, brincando, que nesse ritmo o ideal seria que eu abrisse uma loja e aí ele respondeu: “melhor porque assim posso comer de graça”. Comecei com três caixas de açaí numa garagem pequena, no quintal da minha mãe, e hoje me transferi para uma garagem maior, de um vizinho — conta Cátia, que hoje tem a ajuda do filho Diogo, de 24 anos, o mesmo que a fez ter ideia de abrir o empreendimento.

O evento terá ainda outros tradicionais representantes da comida de rua, como a Batata Frita Carioca, de Marcehal Hermes; Churrasquinho do Rodrigo, da Glória; Pastel do Alê, de Madureira; e Sopas e Caldos do Márcio, do Rio Comprido, entre outros. Enquanto saboreira as delícias da gastronomia de calçada o público poderá conferir também uma exposições de fotografias, estandes de bijus, moda, arte e tarô, além das apresentações do DJ Leo Cersileo da festa VHS.

Serviço

Endereço: Rua Morais e Silva, 94 – Maracanã (SINTTEL).
Dias e horários: 17 de março das 14h às 22h e 18 de março de 12h às 20h.
Entrada: gratuita
Cartões: todos
Estacionamento: não
Estação de metrô: São Cristóvão.