Toque erudito. O grupo Arcpelago encerra o festival, no dia 27 – Divulgação/Carlos A. Vaz

Evento reúne bandas do estado do Rio representantes do gênero

Por Mauricio Peixoto para O Globo

Há uma semana o Rio de Janeiro reverbera os acordes do rock progressivo, estilo surgido nos anos 1960 no Reino Unido e que repercute até hoje pelos quatro cantos do mundo. O evento CaRIOca ProgFest, com expoentes do gênero em diferentes palcos da cidade, chega hoje à Tijuca, mais precisamente ao Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola,que será palco do festival todas as quintas do mês, com shows às 20h.

A produtora Vértice Cultural e o canal Be Prog (de divulgação do estilo pela internet) uniram forças para realizar o evento, fazendo uma seleta programação em conformidade com o elevado padrão técnico e artístico característicos do estilo.

— O primeiro show (no Centro Cultural Justiça Federal, no Centro) teve casa cheia e boa aceitação do público, com a apresentação da Caravela Escarlate. A expectativa é a melhor possível para os shows na Tijuca. Até para quem não conhece o estilo, sugiro que venha, para ver a qualidade e a desenvoltura dos músicos — convida Vladimir Ribeiro, que comanda o canal BeProg.

Cláudio Paula, da Vértice Cultural, diz que um dos objetivos é formar plateia.

— Muitos dos que curtem rock progressivo são mais velhos, que viram o auge do movimento nos anos 1960/70. Mas queremos mostrar aos mais novos que esse som será sempre atual para quem gosta de música de verdade. Eu diria que é uma espécie de “rock erudito”, pois a harmonia e a melodia são muito bem trabalhadas — comenta ele.

Quem abre os trabalhos hoje é o guitarrista Victor Biglione (no currículo, dois Grammys em apresentações com The Manhattan Transfer, em 1989, e com Milton Nascimento, em 2000). Ao lado de Jorge Pescara (baixo) e Fábio Cezanne (bateria), Biglione apresentará uma releitura da obra do lendário guitarrista americano Jimi Hendrix (1942-1970).

Quinta que vem, a Sleepwalker Sun, banda de Niterói com forte influência do rock progressivo setentista e contemporâneo, apresenta seu segundo álbum, que aposta na presença de pianos e instrumentos analógicos como Mellotron, Hammond e Minimoog, além de solos de guitarras e dos vocais de Giana Araújo.

Dia 20 será a vez do Únitri, que mostra influências como Rush, Genesis, Pink Floyd, Yes, Jethro Tull, The Flower Kings e dos brasileiros Clube da Esquina, Sagrado Coração da Terra e O Terço. Líderes da Únitri, o baixista Rômulo Lima e o guitarrista André Zichtel são oriundos da formação original da banda. Agora, com o tecladista Raphael Montechiari e o baterista Michel Melo, o grupo retrata uma sonoridade que contempla o virtuosismo e o psicodelismo harmônico e melódico dos anos 1970, sem abandonar as raízes musicais brasileiras.

Quem finalizará o festival, dia 27, será o quarteto Arcpelago, que busca cruzar a energia do rock com o erudito, agregando referências de jazz, blues e música folk.