Primeiro dia de volta às aulas na Uerj – Pedro Teixeira / Agência O Globo

As aulas deste semestre são referentes ao primeiro semestre de 2017

Fonte por João Paulo Saconi sob supervisão de Leila Youssef

Sem aulas desde outubro por conta da greve de professores, os alunos da UERJ voltaram às aulas nesta segunda. Apesar da normalização do funcionamento da instituição, duas questões ainda afetam os estudantes: o atraso no calendário e os problemas de infraestrutura. As aulas deste semestre são referentes ao primeiro semestre de 2017, que começou em agosto do ano passado e foi interrompido pela greve dos docentes. Programado para acabar no dia 28 de março, o período terá cerca de 90 dias letivos, 110 a menos do que o estabelecido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A UERJ informou que foi autorizada pelo Conselho Estadual de Educação a trabalhar com o ano letivo enxuto. As aulas referentes ao segundo semestre do ano passado estão marcadas para começar em 11 de abril, mas ainda não há uma data de término estabelecida.

Apenas os cursos de Direito, Medicina, Engenharia Química e Química permaneceram funcionando regularmente nos últimos meses. Os alunos dos outros cursos obedeceram à decisão dos professores. Aqueles que não aderiram a greve e resolveram continuar dando aulas, já encerraram o semestre, mas quem aderiu à paralisação está retomando os trabalhos só nesta segunda.

Infraestrutura sucateada

Além do semestre enxuto, a comunidade acadêmica da UERJ segue convivendo com uma série de problemas de infraestrutura. Nesse primeiro dia de aula, O GLOBO registrou banheiros e bebedouros parados ou em mal estado de conservação; falta recorrente de papel higiênico e papel toalha nos toaletes; apenas quatro dos dez elevadores funcionando, com fiações expostas dentro deles e filas do lado de fora, além de lixeiras e cadeiras quebradas nos corredores. Espaços abandonados também são comuns pelo prédio.

O aluno Gabriel Mendanha, de Ciências Sociais, relatou outros problemas que interferem na rotina de estudos. Na UERJ desde o primeiro semestre de 2015, o jovem de 21 anos esperava se formar em 2020. Com os problemas da universidade, o diploma deve chegar com pelo menos um ano de atraso.

– Não são só os problemas nos banheiros e na limpeza do campus: as bibliotecas também não estão funcionando, porque os técnicos administrativos estão em greve desde 2017. A gente espera que agora a situação melhore, mas as incertezas são o que mais preocupam – contou Mendanha.

Secretaria repassou R$ 1 milhão para limpeza na última sexta

A Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social informou que os repasses de verbas para a UERJ serão feitos “na medida em que o fluxo financeiro for normalizado” e que as despesas têm sido pagas com regularidade. Ainda segundo a secretaria, na última sexta-feira foram transferidos R$ 1 milhão para os terceirizados das equipes de limpeza, referentes ainda a 2017.

Segundo a UERJ, ainda falta o governo quitar o 13º do ano passado para aqueles que recebem salários acima de R$ 3.458,00, bem como algumas bolsas de auxílio e de pesquisa. Outras dispesas de custeio das instalações também permanencem em aberto e só poderão ser sanadas quando o estado abrir o orçamento para 2018.

A reabertura do bandejão da UERJ deixou um servidor surpreso na manhã desta segunda. Ao ser questionado sobre a localização do restaurante universitário no campus, o profissional até deu as coordenadas, mas alertou para a possibilidade de o bandejão estar fechado.

– Tem certeza que está aberto? Ele fica no primeiro andar, mas eu tenho quase certeza de que está fechado – afirmou.

Aluno da primeira turma do curso de Arqueologia da UERJ, Guilherme Dias de Carvalho Novo ingressou na universidade em 2012. Deveria se formar em 2018, mas já sabe que isso não vai acontecer. Entre outros motivos, ele atribui o atraso principalmente à falta de pagamento dos técnicos e professores. No caso dos docentes, foram três meses sem receber, segundo a própria universidade.

– A gente chegou ao ponto de uma professora quase chegar às lágrimas em sala de aula porque estava sem receber. Ela não sabia o que fazer da própria vida – relata.