Festa de aniversário terá atrações musicais, recreação infantil e bolo

Por Maurício Peixoto O Globo

RIO — Hoje, das 10h às 22h, e amanhã, das 14h às 22h, a Praça Edmundo Rêgo , no Grajaú , será palco de uma grande festa de aniversário do bairro, que completa 105 anos . Atrações musicais, ações sociais, recreação infantil e um grande bolo marcarão presença no parabéns.

Quem comemora, mesmo diante de uma série de dificuldades, são os 40 mil moradores do bairro, envolvidos numa luta por melhorias sociais e de infraestrutura na região. São grupos como o Grajaú Pode Mais , originário do movimento “Clínica Sim, Praça Sim”, que surgiu em 2015 para lutar contra a construção de uma Clínica da Família na Praça Nobel . Devido à pressão do grupo, a clínica foi construída num terreno próximo, antes ocioso, na Rua Botucatu. E assim a praça, uma iniciativa do arquiteto e urbanista Azevedo Neto, desde 1941 no local, foi mantida, atendendo à comunidade.

— Vencemos essa batalha. Mas temos que continuar cobrando do poder público. Por isso foi formado, em 2017, o Grajaú Pode Mais. O primeiro passo para pensar no futuro é fortalecer a cidadania e a participação popular na fiscalização — diz um dos integrantes do grupo, o engenheiro Fernando Branquinho, de 61 anos.

Considerado um dos maiores craques da história do futsal carioca, o ex-atleta Sérgio Guimarães, o Sérgio Sapo, como ficou conhecido o morador do bairro há quase meio século, está há seis anos à frente do Grajaú Tênis Clube, associação de 94 anos que passa por um momento difícil. Com dívidas trabalhistas de mais de 25 anos, o clube chegou a ir a leilão em junho, mas, devido à pressão por parte do próprio presidente e da comunidade, o prefeito Marcelo Crivella declou o local de utilidade pública para fins de desapropriação.

Grajaú Pode Mais. Fernando Branquinho (à esquerda), Marcos Pereira e José Cerqueira, membros do movimento na Praça Nobel Foto: Gabriela Fittipaldi / Agência O Globo

— Assumi o clube com a missão de tentar reerguê-lo. Fizemos parcerias para melhorar a receita e aos poucos fomos progredindo. Temos em mente uma campanha de novos sócios. Com relação ao caso trabalhista, ele ainda está na Justiça, mas essa ação da prefeitura impediu que fôssemos despejados de forma imediata.

Nosso clube cumpre sua função social. Além de funcionar como zona eleitoral, tem mais de 70 empregados diretos e indiretos e cerca de 60 jovens e crianças nas escolinhas — justifica Sapo.

Os cuidados ambientais são uma preocupação para os moradores do bairro, que além de ser um dos mais arborizados da cidade, abriga a Reserva Florestal do Grajaú, parque com 55 hectares que abrangem a encosta nordeste da Serra dos Três Rios, entre o distrito da Grande Tijuca e a Baixada de Jacarepaguá.

O publicitário e ambientalista Carlos Eduardo Rangel, de 70 anos, comandou no final dos anos 1980 um projeto de combate a acidentes com queimadas no parque estadual, buscando a erradicação do capim-colonião, considerado o vilão dos incêndios em matas. A ação permanece até hoje.

— Não estou mais diretamente envolvido, mas até hoje o chefe do parque, Márcio Carazza, pede auxílio — explica Rangel.

Anti-incêndio. Cadu Rangel ajuda a reserva Foto: Mauricio Peixoto / Agência O Globo

Já Nice Carvalho, atual presidente da Amgra, sempre atuante com relação às demandas necessárias no bairro, deu no começo do ano passado a ideia de plantar ipês pelo Grajaú em canteiros vazios ou toda vez que uma árvore caísse ou fosse retirada.

— São muitas as reclamações com relação às calçadas destruídas devido às raízes das árvores. O ipê, além de ser muito lindo, é um vegetal cuja raiz é mais branda e não destrói o calçamento. Já plantamos cinco —diz Nice.

 

A capelinha de Tricárico renasceu. Luiz Antônio Bonelli é um dos membros dos SOS Capelinha.

A tradição religiosa também é forte no Grajaú, que conta com igrejas como a Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a maior do bairro, e grupos de fiéis atuantes. Um deles é o aposentado Luiz Antônio Bonelli, que ajudou a formar o SOS Capelinha, que recolhe donativos para a manutenção de outro templo do bairro: a Capela de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.

A charmosa igrejinha foi construída em 1918, pelo arquiteto italiano Francisco Tricárico, que também assina o projeto do bairro. Tricárico ergueu a capela para pagar a promessa feita à santa caso a sua vida profissional desse certo no Brasil.