Os dois veículos restantes são de 1995 e têm ponto no Largo da Usina, na Tijuca

Fonte Por Stéfano Salles para Jornal O Globo

Em uma parte da Tijuca, a disputa entre motoristas de táxi comum e de Uber, que polarizou o trânsito e os jornais em 2015, não faz sentido. No Largo da Usina, aos pés do Alto da Boavista, fica o ponto dos últimos Fuscas táxis da cidade. Fabricados em 1995, eles são da última série do veículo produzida no Brasil, e receberam no último dia 17 uma autorização especial da prefeitura para continuar em atividade. O decreto foi assinado pelo prefeito Eduardo Paes, após receber um abaixo-assinado com mais de três mil nomes.

— Os Fuscas da Usina são uma grande tradição de nossa cidade. Não podíamos deixar esses patrimônios desaparecerem do Rio. Os carros já fazem parte da memória cultural do bairro. Uma cidade como o Rio não pode desprezar a sua história — afirma.

O serviço ficou ameaçado com a atualização do Código Disciplinar do Serviço de Transportes de Passageiros, feita em 2014, que limita a vida útil dos veículos da frota em seis anos.

Havia 12 desses automóveis no ponto, mas hoje são apenas dois. E ainda trabalham à moda antiga. Não se pode acessá-los por aplicativos. Eles também não contam com ar-condicionado e têm apenas duas portas, mas ninguém se importa: é parte do charme que empresta àquele trecho da Tijuca um ar de Havana Vieja. O taxista Sérgio Dias trabalha no ponto há 20 anos. Destes, está há seis com o carro atual.

— Esta área tem muitas ruas de paralelepípedos e ladeiras. Na chuva, os carros novos não conseguem arrancar depois de pararem. Só o Fusca consegue — diz o taxista.

Dono do outro Fusca táxi, Marcos Cardoso diz que os percursos feitos pelos veículos são locais e que raramente os carros deixam a Tijuca.

— Eles são amplos e facilitam para os moradores que vão fazer compras. E são uma atração. Sempre tem gente querendo tirar foto — explica.

 

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