A frente do templo reúne elementos arquitetônicos dos estilos art noveau, art déco e neobizantino – Foto: Mauricio Peixoto / Agência O Globo

Templo guarda marco de fundação da cidade do Rio e a lápide tumular de Estácio de Sá

Por Mauricio Peixoto para O Globo

Um dos maiores exemplares do patrimônio da cidade do Rio de Janeiro, a Basílica de São Sebastião, na Rua Haddock Lobo, na Tijuca, tem telhado e fachada com infiltrações, rachaduras, infestação de cupins e pintura desgastada. Também apresentam problemas de conservação os vitrais e várias peças históricas do templo, que guarda relíquias como o marco de fundação da cidade, a lápide tumular de Estácio de Sá e objetos que remetem à Igreja dos Capuchinhos quando esta ainda ficava localizada no extinto Morro do Castelo.

Em 2015, na comemoração dos 450 anos da cidade, a prefeitura prometeu uma obra geral na Igreja dos Capuchinhos, templo erguido em 1931, com elementos arquitetônicos em estilo neobizantino, art noveau e art déco. A obra seria financiada por meio de uma parceria público-privada, mas o projeto não foi adiante. No começo do ano a prefeitura cogitou a realização de um evento religioso no Parque Olímpico, com o direcionamento dos fundos arrecadados para as obras estruturais da basílica, outra iniciativa que não teve sucesso. Como a igreja é tombada, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), em 2015, deu o aval para as obras, orçadas pelo próprio instituto em torno de R$ 2,5 milhões.

— Somos ricos, mas apenas de patrimônio histórico. Com o que arrecadamos com o dízimo, as festas e a nossa cantina, dá apenas para pagar os funcionários, as contas e as obras sociais. As autoridades públicas precisam ter noção de que a Igreja dos Capuchinhos é uma verdadeira relíquia e um local com intensa movimentação de fiéis. Eu temo que algum reboco venha a cair, causando sério acidente. Uma alternativa seria atrair investidores privados, esperar abrir um edital público de incentivo à cultura ou até mesmo tentar algo com o BNDES — afirma frei Arles de Jesus, coordenador da basílica.

Frei Arles diz que com recursos próprios, através de doações dos paroquianos que vão além do dízimo, a igreja conseguiu conservar algumas peças históricas. No entanto, muitas ainda precisam de reformas e restauração. O coordenador da basílica ressalta ainda que as obras mais custosas e complicadas são as da parte estrutural.

— No que diz respeito à parte estrutural do templo, o trabalho precisa ser feito por uma empresa especializada e com segurança, caso contrário já teríamos providenciado — diz.

Na fachada, estátuas de santos com mais de dois metros de altura (São Sebastião, Imaculada Conceição, São José, São Pedro, São Paulo, São Francisco de Assis e Santo Antônio) apresentam rachaduras e precisam de pintura. Além disso, é necessário refazer a pintura original na cor rosada da fachada; retirar a pintura da cúpula, originalmente na cor cobre; e controlar as infiltrações e a ação dos cupins, principalmente nas partes laterais e no teto.