Preocupação. Floresta daTijuca: nova orientação visa à proteção de visitantes e da fauna contra a febre amarela – Fernando Lemos / Agência O Globo

Recomendação passou a ser feita após morte de macacos na Usina

Fonte por João Paulo Saconi sob a supervisão da chefe de reportagem Leila Youssef

Quem chega ao Parque Nacional da Tijuca é orientado a só visitá-lo se estiver vacinado contra a febre amarela. A direção da unidade de conservação tomou a medida após quatro macacos terem sido encontrados mortos, na semana passada, no bairro da Usina, em uma área próxima à Floresta da Tijuca. Na terça-feira, o zoológico, o Jardim Botânico e o ZooSafari de São Paulo foram fechados por motivo semelhante: agentes de vigilância sanitária recolheram o corpo de um bugio, espécie mais sensível ao vírus da doença, na Zona Sul, região onde os três parques estão localizados.

Apesar de análises preliminares feitas pela Fiocruz apontarem que os macacos da Usina morreram de envenenamento, o diretor do Parque Nacional da Tijuca, Ernesto Viveiros de Castro, disse que a orientação para visitantes se tornou necessária:

— A morte de macacos preocupa bastante, embora não tenham sido registrados casos da doença no município do Rio. É desejável que os visitantes estejam vacinados, isso garante a proteção deles e também diminui o risco de a nossa fauna ser infectada.

Nesta quarta-feira, o jornal mostrou que funcionários do Instituto Jorge Vaitsman, órgão municipal responsável pela necrópsia de todos os macacos encontrados mortos no estado, passam por um momento de grande preocupação: somente este mês, 104 corpos de primatas foram levados para o local, e ficou constatado que pelo menos 50% tinham sinais de envenenados ou de agressões.

Na mesma reportagem, especialistas alertaram que matar os animais representa um grave risco à população: eles não transmitem febre amarela, e o seu desaparecimento das matas aumenta a possibilidade de os mosquitos silvestres Haemagogus e Sabethes, que carregam o vírus da doença, buscarem o sangue de humanos para se alimentarem.

Nas redes sociais, o Parque Nacional da Tijuca tem feito apelos para que visitantes e moradores de seu entorno se vacinem. A direção da unidade de conservação também destaca a importância dos macacos para o sistema que monitora o avanço da febre amarela pelo país.

Jardim Botânico em alerta

A direção do Jardim Botânico do Rio está alerta, mas considera que não há motivo para recomendar a entrada apenas de visitantes vacinados.

— Estamos monitorando a fauna com muita atenção, e, ao menor sinal de ocorrência, vamos imediatamente acionar os órgãos competentes e divulgar um aviso à população — disse Sérgio Besserman, presidente do Instituto Jardim Botânico.

No bairro do Horto, onde é muito comum macacos circularem perto de casas e condomínios, moradores estão atentos às notícias de macacos mortos por ação humana. Anita dos Santos afirmou que micos costumavam entrar em sua residência quase todos os dias, mas não os vê desde o fim do ano passado.

— Eu e meus vizinhos estamos preocupados — disse Anita, acrescentando que o poder público deveria fazer uma grande campanha de conscientização, esclarecendo que macacos não transmitem febre amarela e são uma espécie de sentinelas da natureza.