Militares fazem patrulhamento na Praça Saens Peña, na Tijuca – Alexandre Cassiano / Agência O Globo

Militares estiveram na Praça Saens Peña, mas, segundo comerciantes, ficaram pouco tempo

Por Natália Boere para O Globo

Após receberem críticas por concentrar o patrulhamento, desde 27 de março, no Centro e na Zona Sul (em especial, Botafogo e Copacabana), as Forças Armadas passaram a patrulhar as vias da Tijuca nesta terça-feira. Por volta das 11h, 17 militares foram vistos pelo Jornal espalhados pela Praça Saens Peña. Segundo transeuntes, eles chegaram por volta das 9h45m no local e ficaram até 11h30m. Os agentes deixaram o local em três viaturas.

– A presença dos militares aqui deu uma sensação de segurança, pena que eles ficaram por um curto período. Quando eles saem, a praça fica abandonada, cheia de cracudos e assaltantes – lamentou o expositor Elias Campos, que participa de uma feira de artesanato local três vezes por semana.

De acordo com o coronel Carlos Frederico Gomes Cinelli, chefe da comunicação social do Comando Militar do Leste, os militares patrulharão também outros bairros da Zona Norte, não informados “para não prejudicar a eficácia da tarefa”. Por volta das 15h desta terça-feira, militares faziam patrulhamento em dois pontos da Avenida Marechal Rondon.

– Não há rigidez centralizada de planejamento. O comandante da unidade recebe a missão e planeja. A inclusão (da Zona Norte no patrulhamento) foi uma decisão a partir de uma combinação de dados de inteligência e necessidades de reajustes de efetivos apresentadas pela Policia Militar – justificou Cinelli.

A presença de militares na praça tranquiliza boa parte de comerciantes e moradores locais – Alexandre Cassiano / Agência O Globo

Quem está na Praça Saens Peña no dia a dia acompanha bem de perto a rotina de furtos: cordões e celulares costumam durar pouco tempo nas mãos e no pescoço de quem caminha desavisado.

– Diariamente, eu vejo pelo menos três furtos aqui. Geralmente, praticado por menores. Policiais militares que ficam do outro lado da praça em uma viatura veem e nada fazem. Espero que o exército ajude a diminuir a criminalidade – torceu a vendedora Karina Silva, que trabalha na região há dois anos.

Para a moradora do bairro Maria José Xavier, no entanto, a segurança deve ser atruibuição da polícia militar.

– Creio que as Forças Armadas têm que ficar nas fronteiras, controlando os tráficos de drogas e de armas. Na cidade, tem que ter uma polícia qualificada e bem paga, além de educação em tempo integral para as crianças – disse Maria José, que é aposentada.

De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), na comparação entre fevereiro deste ano, quando foi decretada a intervenção federal na segurança do Rio (no dia 16), e fevereiro do ano passado, o número do roubo de veículos na Tijuca (18ªDP e 19ª DP) cresceu 11,8%. Mortes em confronto com a polícia subiram 17,6% e os homicídios dolosos caíram 13,1%.

Os furtos passaram de 192, em fevereiro de 2017, para 330 no mesmo mês deste ano. Roubos a transeuntes subiram de 112 para 146 e roubos a celular cresceram de 28 para 70. O ISP lembra que pode ter havido subnotificação destes três últimos crimes por conta da paralisação da polícia civil no ano passado.