A pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos, mudança de planos e novos obstáculos atrasam projetos urbanísticos na área

Área de antigo quartel abriga vigas da Perimetral - Marcelo Carnaval / Agência O Globo

Fonte: por Luiz Ernesto Magalhães para o Jornal O Globo

O quebra-quebra na Uerj há duas semanas, após um protesto contra a derrubada de barracos da Favela do Metrô, colocou em evidência outro problema no entorno do Maracanã: a morosidade dos projetos urbanísticos para a região. A remoção da comunidade às margens da linha do trem, embargada pela Justiça, inicialmente era prevista para ocorrer até a Copa das Confederações, em 2013. Depois, o prazo foi estendido até a Copa do Mundo, em 2014. Agora, a pouco mais de um ano dos Jogos Olímpicos, quando o estádio mais uma vez será protagonista, a prefeitura encontra obstáculos para concluir o plano. Outras intervenções também caminham a passos lentos.

O antigo prédio do Museu do Índio, fechado desde a década de 1970, aguarda, há dois anos, sua revitalização, que não saiu do papel por falta de recursos. Na Grande Tijuca, dos cinco piscinões contra enchentes que deveriam estar prontos até a Copa das Confederações apenas um está pronto, na Praça da Bandeira. Os outros ficaram para depois das Olimpíadas. A empresa responsável pelas obras desistiu do contrato e o município fará este mês uma nova licitação.

No caso da Favela do Metrô, as 667 famílias que viviam no local aceitaram receber indenização ou ser transferidas para condomínios do Minha Casa Minha Vida. Foram três anos de negociação. A maioria das casas foi demolida. No entanto, algumas foram invadidas. Os imóveis ocupados ficam geralmente no segundo piso das oficinas e lojas comerciais que permaneceram de pé. Já o terreno que receberia parte dos 94 comerciantes do polo automotivo, previsto originalmente, serve de depósito de entulho de obras da prefeitura.

Corte de Custos

O secretário municipal de Habitação, Carlos Francisco Portinho, diz que a solução definitiva para a região da Favela do Metrô está próxima, embora a obra só deva ser concluída após os Jogos. Segundo ele, há três semanas o projeto — que foi simplificado e teve custos cortados — foi retomado. Da proposta original, foram excluídos detalhes como a construção de um telhado verde nas oficinas. A cobertura vegetal tinha o objetivo de melhorar a drenagem e fornecer isolamento acústico. A nova versão do plano deve ser licitada até o fim deste mês.

— O projeto original custaria R$ 30,5 milhões, e as verbas viriam da União. Mas o dinheiro não saiu. Agora, usaremos recursos próprios e gastaremos R$ 18 milhões — diz Portinho.

Do outro lado da linha do trem, perto da Quinta da Boa Vista, um terreno é usado como depósito das vigas retiradas da Perimetral. A área era antes ocupada por um quartel do Exército que foi demolido para abrir espaço para a revitalização do entorno do Maracanã. No entanto, o espaço está abandonado.

Os pedestres que caminham pela região passam por uma praça que ficou incompleta, e onde o mato já cresceu. Perto do acesso à nova passarela que cruza linha férrea, faltam tampas nos bueiros, e a pista de skate inaugurada há menos de um ano já começa a apresentar sinais de desgaste do piso. A poucos metros ali, restou um grande portão tombado que fazia parte do quartel. Uma das propostas para a área, doada pelo Exército ao município, é construir uma nova rodoviária para desafogar a Novo Rio. Poderia ser inaugurada antes mesmo dos Jogos Olímpicos, mas o edital, que era previsto para fevereiro, ainda não saiu.

Elevadores Trancados

Até onde há obras concluídas existem problemas. O estado gastou R$ 178 milhões para criar uma moderna estação de integração entre os trens da Supervia e o metrô no Maracanã. Era para ser um modelo de acessibilidade, inclusive com elevadores para deficientes. Quase um ano depois, os passageiros encontram os equipamentos localizados no acesso pela Rua Visconde de Niterói, sob responsabilidade da Supervia, cercados por grades e trancados com um cadeado. Não há nem campainha. Placas pedem aos usuários que recorram a um agente da concessionária ou procurem a bilheteria. Com tanta burocracia, o jeito é subir de escada.

A Supervia informou, por meio de nota, que a medida foi uma forma de evitar a depredação constante dos elevadores. A concessionária prometeu instalar até o mês que vem um equipamento que permita contatar funcionários da empresa.

 

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