Reabertura total da unidade depende de recurso inicial de R$ 4,5 milhões. Diretor disse que situação ‘precária’ foi minimizada com menos internações.

Fonte por Fernanda Rouvenat para Jornal O Globo

O diretor geral do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe), Edmar Santos, afirmou nesta terça-feira (23) que está otimista para chegar a uma solução e reabrir totalmente a unidade até março. A unidade está tentando um plano de reabastecimento com a Secretaria Municipal e Estadual de Saúde.

“A asfixia que o hospital já havia sofrendo há meses, no último trimestre do ano passado, levou uma situação de desabastecimento, então também estamos discutindo junto com a Secretaria Municipal de Saúde, em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde, um plano de abastecimento do hospital, porque não basta só a limpeza, preciso que também haja abastecimento para que a gente vá para essa abertura plena do hospital”, disse Edmar Santos. O diretor também informou que a situação considerada “precária” está sendo minimizada na medida em que o hospital restringiu o número de internações. Para ele, a situação estaria preocupante se, de fato, a unidade estivesse plenamente aberta, mesmo com as dificuldades que está enfrentando.

“A gente se antecipou e aquele momento inicial foi mal interpretado como fechamento do hospital, mas, na verdade, a gente se antecipou de forma responsável, para gerenciar o número de pacientes possível nesse momento. Temos uma série de itens, tanto medicamentos, como de materais médicos, que estamos desabastecidos e estamos buscando essas parcerias com as secretarias para reabastecer o hospital e poder funcionar na plenitude. Esperamos que isso possa acontecer agora, no mês de março”, explicou.

A unidade, que fica em Vila Isabel, na Zona Norte, é da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e possui 500 leitos, mas, desde a crise iniciada em 2015, apenas 200 estão em uso. De acordo com diretor, o hospital está com apenas 50% do seu funcionamento em todos os setores. O pagamento dos funcionários terceirizados ainda é uma incerteza.

“Nós conseguimos aumentar o teto de internação de 170 para 200. Temos negociações que eu entendo como favoráveis com o governo do estado e acho que teremos, nessa semana ainda, uma resposta favorável do governo ao plano de regularização desses pagamentos. Pretendemos abrir 350 leitos ainda esse ano e aí fazer um planejamento para que, no ano que vem, a gente possa atuar com até 400 ou 450 leitos”, disse Edmar.

No caso das cirurgias, o funcionamento continua sendo parcial. Atualmente, são feitas 20, por dia, mas a capacidade da unidade é de até 50, segundo o diretor. “O hospital está dimensionado, no momento, para metade em todas as áreas”, reafirmou.

O abastecimento de medicamentos é prioridade para a direção do hospital, já que, sem eles, a unidade se torna uma “hotelaria”.

“Eu preciso ter os medicamentos para não colocar o paciente aqui de hotelaria, apenas. Então, essas duas pontas do acordo sendo executadas, a gente vai abrir isso. Uma vez atingida as necessidades mínimas que eu coloquei para a reabertura, um mês após a gente poderia estar com, pelo menos, 300 doentes internados e sendo atendidos”, disse Edmar Santos.

Hospital Pedro Ernesto precisa de R$ 4,5 milhões para reabrir totalmente

O desejo de reabrir todos os setores hospital depende de um recurso inicial de R$ 4,5 milhões, informou o diretor geral. Esse valor seria direcionado para o abastecimento de insumos e, com isso, autorizar novas internações.

Já o déficit de salário dos funcionários terceirizados que não foi pago em janeiro é de, aproximadamente, R$ 38 milhões, afirmou o diretor da unidade. Segundo Edmar, a negociação é feita pela Secretaria Estadual de Fazenda e poderá ser negociada com os fornecedores para que a dívida possa ser parcelada.

“Essa não é a prioridade. O que eu estou focado agora, é que, daqui para a frente, haja regularidade desses pagamentos, porque é o que me dá certeza, como diretor, de estar sendo responsável em autorizar internações no hospital. Em relação ao abastecimento, eu preciso de um recurso inicial, em torno de R$ 4,5 milhões para poder abastecer plenamente o hospital e aí, o que eu volto a produzir para o SUS, gera uma receita para que eu consiga me autosustentar, em termos de abastecimento. Essa receita foi muito prejudicada nos últimos quatro meses e isso terá reflexo ainda nos próximos três meses, que é um delay de recebimentos. A crise não se extingue rapidamente, porque algumas coisas tem um reflexo futuro, não é um reflexo imediato. Mas se a gente for abastecer e ter essa certeza de que a gente está priorizado em relação ao pagamento e ao funcionamento, a gente vai, em um mês, chegar a esse atendimento de pelo menos 300 pacientes e, logo depois, 350”, completou o diretor.

Setor de oncologia é prioridade, segundo diretor

As situações que, na opinião do diretor, podem mudar de vez a chance de um paciente se recuperar ou agravar a saúde dele, são prioridades dentro da atual situação do hospital.

“Quando a gente reabrir as vagas para cirurgia, por exemplo, foi dada a orientação que privilegiasse pacientes com cirurgia oncológica marcada ou aqueles pacientes não oncológicos, mas que se não operassem, tinham um risco de agrave muito rápido para a vida deles. Considerando as deficiências que a saúde do estado do Rio de Janeiro vem sofrendo ao longo dos anos, no tempo que tudo tem a ver com tratamento oncológico, com atendimento cardiovascular e com atendimento aos transplantes, sejam as prioridades que a gente deva trabalhar no ano de crise que a gente não vai poder atender todo mundo que a gente gostaria”, disse Edmar Santos.

Bolsistas

O diretor geral quer oferecer aos bolsistas do Hospital Pedro Ernesto um calendário definitivo para o pagamento deles. O caso já está sendo estudado pela secretaria de Ciência e Tecnologia, responsável pelos bolsistas.

“Eles receberam agora, no início de fevereiro, o mês de dezembro, e está prometido o empenho da Secretaria de Ciência e Tecnologia, que é responsável por essas bolsas, de que, consiga liberar ainda essa semana, a bolsa relativa a janeiro. Há um empenho muito grande da Secretaria de Ciência e Tecnologia em atender duas demanda minhas. A primeira, que talvez seja mais fácil, estabelecer um calendário definitivo para esses bolsistas ao longo de todo ano. Mesmo que atrase, eles tendo a data prevista, eles podem se organizar um pouco melhor no dia a dia deles. E a outra coisa que eu pedi, e estava sendo estudada também, é a possibilidade de pagamento dos bolsistas junto com os estatutários, uma vez que muitos desses bolsistas também usam como se fosse salário. Eu tenho esperança que agora, até o mês de março, a gente tenha uma resposta pelo menos em relação ao calendário de 2016 para esses bolsistas”, completou.

 

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