Estácio e Rio Comprido estão também entre os bairros que estão sofrendo com o problema social

Fonte por Maurício Peixoto para Jornal O Globo

Bairro da Grande Tijuca que apresenta o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), sendo o 93º em uma classificação com 126 bairros do Rio, e um dos que mais sofrem com a violência urbana, o Catumbi tem vivenciado outro grande problema: o crescimento do número de moradores em situação de rua pela região.

São três os trechos do bairro onde há grande aglomeração de moradores de rua, e, consequentemente, acúmulo de entulho, móveis e barracas montadas: embaixo do Viaduto Trinta e Um de Março (que dá acesso ao Túnel Santa Bárbara); na passagem subterrânea para pedestres do referido elevado, que liga o cemitério à chaminé da extinta Fábrica Açúcar Brasil; e na pracinha que fica ao lado do cemitério.

— Primeiramente, é muito triste ver essas cenas. Gente tendo que morar nas ruas e sem perspectiva de melhora. O problema tem crescido, principalmente nos últimos três meses, em decorrência da crise social. Essas pessoas precisam de assistência. São muitas crianças nesses “acampamentos”, o que parte o coração de qualquer um mais atento. O prefeito não disse que ia cuidar das pessoas? Só que é realmente difícil ver qualquer equipe da prefeitura atuando nas pelas redondezas — queixa-se um morador, que preferiu não se identificar.

Ele cita outros problemas que surgem em sequência:

— O número de pedintes cresceu muito, atrapalhando o comércio, afugentando clientes e dando à população a sensação de insegurança. Eles também usam drogas e fazem necessidades fisiológicas e relações sexuais à luz do dia. É muito complicado! Sem falar na passagem subterrânea, que fica intransitável. Além da iluminação precária, está cheio de gente e entulho no local, com móveis e aparelhos eletrônicos. Na pracinha ao lado do cemitério, desde a retirada da grade pela prefeitura, há uns quatro meses, o local passou a servir de moradia para essa população de rua. Na verdade a retirada da grade foi um pedido dos moradores. Temos que entender o problema dessas pessoas, mas é preciso que se respeite o espaço público e o direito de ir e vir — critica.

Um outro morador diz que os bairros do Estácio e do Rio Comprido têm sofrido com o mesmo problema.

— As praças da estação do metrô do Estácio e do Rio Comprido também se encontram nessas condições. Acredito que muitos desses moradores de rua venham do Centro — diz.

Por meio de nota, a Secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos informou que são feitas abordagens regulares na região. Disse ainda que especificamente sob o viaduto há uma família cadastrada no Centro de Referência Especializado de Atendimento Social Simone de Beauvoir, no Rio Comprido. Afirmou ainda que planeja e organiza ações integradas com outros órgãos, como a Guarda Municipal e a Secretaria municipal de Saúde.