Viviane de Assis, portadora de nanismo denuncia preconceito em loja da Tijuca – Reprodução/Facebook

Enquanto fazia compras em uma galeria uma vendedora negou-se a atendê-la

Fonte por Luã Marinatto para Jornal O Globo

“O preconceito não está só na televisão”, diz Viviane de Assis, portadora de nanismo, numa referência à personagem vivida pela atriz Juliana Caldas na novela “O outro lado do paraíso”, alvo de ofensas constantes da própria mãe. Nesta terça-feira, a bancária, que é também passista da Viradouro, sentiu na pele o peso da discriminação. Enquanto fazia compras em uma galeria na Tijuca, Zona Norte do Rio, uma vendedora negou-se a atendê-la, conforme informou a Coluna Gente Boa.

— Ela ficou dizendo para o dono: “Não deixa ela vir pra cá”. Depois, falou: “Tira esse troço daqui, eu não vou atender”. Tudo com ar de deboche, como se quisesse aparecer para os outros. Eu fiquei muito envergonhada — conta Viviane.

Revoltada com a atitude da vendedora, Viviane, de 38 anos, iniciou uma transmissão ao vivo no Facebook denunciando o ocorrido. A mulher chega a aparecer nas imagens, ao fundo, mas não é possível ouvir nenhuma ofensa. No vídeo, que já tem quase cem mil visualizações e mais de 700 compartilhamentos, a bancária faz uma série de desabafos: “A gente faz o quê? Chama a polícia, processa a loja?”

Ao sair da loja, a passista se dirigiu à 19ª DP (Tijuca), onde registrou ocorrência pelo crime de preconceito. A pena prevista na lei, em caso de condenação, é de um a três anos de prisão.

— Nunca passei por nada parecido na minha vida. O máximo que acontece é, quando estou andando na rua, uma pessoa cutucar a outra, apontar, uma risadinha. Ou uma criança, às vezes, que não tem conhecimento… Mas uma situação dessas, com uma mulher já adulta me fazendo passar por esse constrangimento? Nunca — diz Viviane.

Logo após o ocorrido, os responsáveis pela loja procuraram Viviane e se desculparam. Contatada pelo Jornal Extra, Márcia Alves, sócia do espaço ao lado do marido, informou que a funcionária foi demitida assim que os donos tomaram conhecimento da situação.

— Nós repudiamos totalmente esse comportamento, e a vendedora foi desligada de imediato. Ela havia começado há menos de 15 dias, porque precisávamos de mais uma pessoa nesse período de Natal. Ela ficou muito nervosa quando viu a Viviane, disse que tem até laudo médico atestando que possui uma fobia. Infelizmente, ela precisaria ter me falado isso antes, porque então não pode ser vendedora. Ninguém pode se comportar desse modo. O que eu pude fazer foi procurar a Viviane e me desculpar — afirma Márcia.