Superlotação foi um dos problemas constatados na vistoria – Divulgação

Durante vistoria do Cremerj, nenhum responsável pela unidade foi encontrado

Fonte por Pedro Zuazo para Jornal O Globo

Superlotação, déficit de médicos nos plantões e falta de materiais básicos, como algodão. Problemas que já assolam o Hospital Federal do Andaraí há pelo menos um ano continuam afligindo pacientes e profissionais. Mas o que parecia ruim ficou pior. Durante uma fiscalização realizada na terça-feira, o Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) constatou que a unidade de saúde agora só conta com direção geral — não há diretor médico nem chefe da emergência. Os cargos foram esvaziados no último mês, de acordo com o coordenador da Comissão de Saúde Pública do Cremerj, Pablo Vazquez. Quando a equipe do conselho chegou ao hospital para fazer a vistoria, nenhum responsável pela unidade estava presente.

— A função de direção médica vinha sendo exercida por uma pessoa, apesar de ela não ter sido nomeada oficialmente. Essa pessoa saiu e o posto ficou vago. O hospital está à deriva. É como um barco sem comandante — diz Vazquez, que completa: — O grave déficit no corpo clínico e a falta de diretor médico e chefe de emergência no Hospital do Andaraí geram muita preocupação para nós. É inaceitável que um dos maiores hospitais federais com emergência aberta do Rio tenha que diminuir serviços para uma população cada vez mais desassistida

O hospital tem déficit de profissionais em diversas especialidades. Devido ao desfalque na equipe da emergência, médicos da rotina foram deslocados para os plantões de sábado nos meses de fevereiro e março. Um comunicado enviado pela direção geral aos chefes de serviço informa que a medida afeta cinco setores: clínica médica, cirurgia geral, urologia, cirurgia vascular e neurocirurgia. Mesmo na rotina, não há profissionais suficientes para atender à demanda. Na clínica médica, por exemplo, são apenas cinco médicos, incluindo a chefia, para 33 leitos. Na Neurocirurgia, são somente três profissionais.

Durante a vistoria na sala de trauma, uma cena retratou o descaso: um paciente que estava internado em uma maca de transporte, inadequada para a situação, caiu e bateu a cabeça no chão. O setor mais crítico do hospital é a emergência, que funciona em uma estrutura improvisada desde 2013, quando o prédio do serviço foi demolido. Durante a vistoria, não havia ortopedista nem cirurgião vascular; trabalhavam apenas dois clínicos na sala de trauma, uma clínica geral na sala de hipodermia, um cirurgião geral e um neurocirurgião.

Nos plantões de sábado (dia e noite), os profissionais atuam em esquema de rodízio. Só há dois pediatras para os dois turnos. A classificação de risco dos pacientes é feita pela equipe administrativa, responsável pelo preenchimento das fichas. A sala de trauma tem cinco leitos, mas está com 16 pacientes, sendo seis em ventilação mecânica. Por outro lado, o CTI está com cinco leitos bloqueados por falta de recursos humanos. Na sala de hipodermia, sete pacientes estão internados em poltronas e longarinas.

Escassez de exames e medicamentos

Também foi constatada a escassez de exames, como Beta HCG, medicamentos e insumos. A ausência de fios para procedimentos cirúrgicos é recorrente no Hospital do Andaraí. Também faltam roupas adequadas e ventiladores mecânciso pulmonares. “Contratos temporários não estão sendo renovados, o que aprofunda o déficit de pessoal e piora a qualidade da assistência”, afirma o Cremerj.

De acordo com o Cremerj, um relatório com os detalhes de todas as irregularidades encontradas será entregue ao defensor público Daniel Macedo e ao diretor do Departamento de Gestão Hospitalar (DGH) do Ministério da Saúde, Alessandro Magno Coutinho.

Situação temporária

Em nota, a direção do Hospital Federal do Andaraí afirma que a coordenação médica está temporariamente sob responsabilidade da direção geral por motivo de dispensa médica. O hospital afirma também que a emergência da unidade conta diariamente com chefes de plantão. Confira a nota, na íntegra:

“A direção do Hospital Federal do Andaraí (HFA) esclarece que a emergência da unidade conta diariamente com chefes de plantão responsáveis pelas equipes do setor. Por motivo de dispensa médica, a coordenação médica está temporariamente sob responsabilidade da direção geral do HFA, o que não afeta as rotinas assistenciais do hospital. Em 2017 o setor de Emergência realizou 52.369 mil atendimentos, uma média de 4.364 por mês. Quanto aos medicamentos, insumos e exames, a direção informa que a unidade está abastecida. Os hospitais federais no Rio de Janeiro funcionam em rede, podendo suprir faltas pontuais até a normalização dos estoques do HFA. Cabe ressaltar que o Ministério da Saúde já iniciou o processo para a realização de um novo certame de contratações temporárias de profissionais de saúde para a rede federal no Rio de Janeiro”.

 

No Centro Municipal de Saúde Dom Hélder Câmara, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, as filas saíam da unidade e ganhavam a Rua Voluntários da Pátria.

Na Baixada Fluminense, um posto em São João de Meriti tinha filas desde a madrugada.

O primeiro da fila em Botafogo, que por volta das 8h tinha 80 metros de comprimento, reclamou da demora no atendimento.

“Eu fui o primeiro a chegar. Cheguei 6h. Mas dizem que só abre às 8h. Eu só consegui tomar minha vacina 8h40”, reclamou o pedreiro Jorge Souza Cruz, de 42 anos.

A aposentada Rosa Maria Oliveira se surpreendeu com o tamanho da fila. “Estou aqui antes de abrir. Cheguei 7h em ponto, e já tinha fila, acredita? Mas tem que esperar, né? Não tem outro jeito. É melhor perder uma manhã do que perder a vida”, explicou.

Jurema chegou 7h40, mas não vai conseguir tomar a vacina porque já passou dos 60 anos. “Eles me mandaram trazer um atestado médico, vou ver se eu pego hoje para vir amanhã novamente”, contou.

Casos no RJ

A Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro confirmou na noite de segunda-feira (15) mais dois casos de febre amarela em humanos no Estado do Rio de Janeiro em 2018. Dois moradores de Valença, no Sul Fluminense morreram após contraírem a doença.

O resultado foi confirmado após exames laboratoriais realizados pela Fiocruz. Assim, foram confirmados quatro casos no estado em 2018, até o momento: três em Valença, sendo duas mortes, e mais um óbito em Teresópolis.

Desde julho do ano passado, todos os 92 municípios do estado já estão incluídos na área de recomendação da vacina e a campanha de vacinação permanece.

Os casos registrados até agora no estado do Rio são do tipo silvestre, transmitido pelas espécies de mosquito Haemagogus e Sabeths, presentes em áreas demata. Não há registro da forma urbana da doença, transmitida pelo Aedes aegypti, desde 1942 no país.

A secretaria reforça a importância das pessoas que ainda não se vacinaram buscarem um posto de saúde próximo de casa para serem imunizadas.

Postos onde há vacina contra a febre amarela

  • CMS José Messias do Carmo
    Rua Waldemar Dutra, 55 – Santo Cristo
  • CMS Marcolino Candau
    Rua Laura de Araújo, 36 – Praça Onze
  • CMS Salles Neto
    Praça Condessa Paulo de Frontin, 52 – Rio Comprido
  • CMS Ernesto Zeferino Tibau Junior
    Avenida do Exército, 1 – São Cristóvão
  • CMS Ernani Agrícola
    Rua Constante Jardim, 8 – Santa Teresa
  • CMS Oswaldo Cruz
    Avenida Henrique Valadares, 151 – Centro
  • CEV Dr Álvaro Aguiar
    Rua Evaristo da Veiga, 16 – Centro
  • CMS Manoel Arthur Villaboim
    Praça Bom Jesus, 40 – Paquetá
  • CMS Manoel José Ferreira
    Rua Silveira Martins, 161 – Catete
  • CMS Dom Helder Câmara
    Rua Voluntários da Pátria, 136 – Botafogo
  • CMS João Barros Barreto
    Rua Tenreiro Aranha, s/n – Copacabana
  • CMS Píndaro de Carvalho Rodrigues
    Rua Padres Leonel Franca, s/n – Gávea
  • Clínica da Família Rinaldo Lamare
    Avenida Niemeyer, 776 – São Conrado
  • CMS Heitor Beltrão
    Rua Desembargador Izidro, 144 – Tijuca
  • CMS Maria Augusta Estrela
    Rua Visconde de Santa Isabel, 56 – Vila Isabel
  • CMS Américo Veloso
    Rua Gerson Ferreira, 100 – Ramos
  • Clínica da Família Felippe Cardoso
    Avenida Nossa Senhora da Penha, 42 – Penha
  • CMS Necker Pinto
    Estrada Rio Jequié, 482 – Zumbi
  • Policlínica Rodolfo Rocco
    Estrada Adhemar Bebiano, 339 – Del Castilho
  • CMS Ariadne Lopes de Menezes
    Rua Engenheiro Carlos Gonçalves Pena, s/n – Engenho da Rainha
  • CMS Milton Fontes Magarão
    Avenida Amaro Cavalcanti, 1387 – Engenho de Dentro
  • CMS Clementino Fraga
    Rua Caiçaras, 514 – Irajá
  • CMS Carmela Dutra
    Avenida dos Italianos, 480 – Rocha Miranda
  • CMS Augusto Amaral Peixoto
    Rua Jornalista Hermano Requião, 447 – Guadalupe
  • Clínica da Família Souza Marques
    Praça Patriarca, s/n – Madureira
  • CMS Jorge Saldanha Bandeira de Mello
    Avenida Geremário Dantas, 135 – Jacarepaguá
  • CMS Harvey Ribeiro de Souza Filho
    Av Guiomar Novaes, 133 – Recreio
  • CF José de Souza Herdy
    Avenida Ayrton Senna, 3383 – fundos – Barra da Tijuca
  • CMS Professor Masao Goto
    Av Carlos Pontes s/n – Jardim Sulacap
  • CMS Waldyr Franco
    Praça Cecília Pedro, 60 – Bangu
  • CMS Belizário Penna
    Rua Franklin, 29 – Campo Grande
  • Policlínica Lincoln de Freitas Filho
    Rua Álvaro ALberto, 601 – Santa Cruz