Comerciantes são as principais vítimas e a população deve ficar atenta

Tudo começa com uma simples oferta de serviço que se transforma em um pesadelo

Por Redação do NaTijuca

Tijuca – Conhecido como o “Golpe da Porta de Aço”, teve os seus primeiros relatos de ocorrência, na Tijuca, no início deste ano. As vítimas, em sua maioria, foram comerciantes das Ruas General Roca e Desembargador Izidro, área próxima à Praça Saenz Pena.

O golpe consiste, inicialmente, na abordagem do comerciante, quer seja o proprietário ou outra pessoa responsável pelo estabelecimento, por um golpista que se apresenta como um Prestador de Serviço que faz manutenção de Portas de Aço.

Cartão apresentado às vítimas pelo suposto Prestador de Serviço.

O golpista, muito prestativo, pergunta ao comerciante se este deseja que se faça uma avaliação da porta, sem compromisso algum. Dado que a manutenção das Portas de Aço é algo necessário e realizado com frequência, é comum o comerciante aceitar a tal avaliação.

Durante esta abordagem, o golpista faz uma avaliação prévia, descendo um pouco a porta, afirmando ser necessário um pequeno reparo, algo de baixíssimo custo.

Com o aceite da avaliação completa, o golpista solicita ao comerciante que o mesmo faça uma rubrica, dê um “visto” em uma ficha de solicitação de orçamento, para que o mesmo possa dar sequência à elaboração do orçamento. Esse é o momento em que o golpe inicia.

Após alguns minutos, o golpista começa a não somente fazer a avaliação, mas sim trocar peças, desmontar parte da porta, tendo como auxiliares os demais membros da quadrilha, que somente entram em cena após a autorização do comerciante para a elaboração do orçamento.

Praça Saenz Pena – Região das primeiras vítimas do golpe na Tijuca.

O comerciante ao perceber que já estão trabalhando na porta, solicita a interrupção imediata do serviço que, até então, não foi autorizado. Afinal, o combinado era apenas uma elaboração de orçamento.

Nesse momento, começa a parte mais violenta do golpe. O reparo inicialmente orçado em torno de R$200,00, agora, depois de feito sem a autorização do comerciante, passa a ter o custo de R$3.000,00 a R$5.000,00, conforme relatos das vítimas.

O comerciante então se nega a pagar, afirmando não ter autorizado serviço algum. Isso faz com que os golpistas, que agora já são em maior número, comecem a gritar, dizendo em voz alta na porta do estabelecimento que o comerciante é desonesto, que combinou o serviço e que agora, depois de concluído, não quer pagar, causando um grande constrangimento perante a todos: o comerciante, clientes e transeuntes.

Ameaças e Constrangimento
Usando palavras de baixo calão, mostram ao comerciante que ele autorizou o serviço ao dar um visto no “suposto” pedido de orçamento que na verdade se tratava de uma autorização de serviço. Documento preparado de forma a induzir o erro, deixa o comerciante ainda mais transtornado por não ter percebido que o tal pedido de orçamento já se tratava da autorização do serviço.

Não bastando toda essa confusão, os golpistas elevam o nível da abordagem, do constrangimento para à ameaça. Afirmando existir na equipe um funcionário que é ex-presidiário, que está muito nervoso precisando de dinheiro, com a recusa deste pagamento, o golpista não terá o que fazer para conter o tal funcionário de forma a impedir que algo aconteça tanto com o comerciante, quanto com o estabelecimento comercial.

Portas de aço requerem manutenção constante e comerciantes aceitam o serviço sem desconfiar do golpe – Reprodução

Vivian Guinzani, Diretora do Jornal NaTijuca e que participou desse encontro com os comerciantes lesados, destaca uma característica dos comerciantes locais que precisa ser revista, principalmente com o auxílio da Associação Empresarial através de capacitação:
”É muito comum no bairro vermos o proprietário do estabelecimento à frente de tudo. Ele atende os clientes, ele coordena os funcionários, controla estoque, trabalha no caixa, fica atento à segurança… Por estar envolvido em diversas atividades ao mesmo tempo, os golpistas aproveitam esse fato para oferecer “aquela ajuda oportuna” transmitindo o sentimento de “deixa comigo que eu resolvo esse problema enquanto você cuida do resto”. E é por isso que esse golpe se torna tão violento ao meu ver. Porque faz com que o comerciante parta do sentimento de parceria e acabe se sentindo totalmente lesado, inseguro e constrangido.

Orientação dos Agentes de Segurança
Procurados pela Redação do NaTijuca, os Autoridades de Segurança Pública da Grande Tijuca deram as suas orientações.

A Comandante do 6ºBPM, a Tenente-coronel Pricila é enfática ao afirmar:
”Só faça qualquer tipo de serviço se o proprietário tiver solicitado. Fora isso não aceite ‘boa ação’.”

O Delegado Deoclécio da 20ª DP ressalta a importância do Registro da Ocorrência:
”Fazer o Registro da Ocorrência é a primeira providência, uma vez que é sempre necessário ouvir a vítima.”

Só faça qualquer tipo de serviço se o proprietário tiver solicitado. Fora isso não aceite “boa ação”.

Tenente-coronel Pricila

Comandante do 6ºBPM

Jaime Miranda conclui, diante dos relatos dos comerciantes lesados pelo golpe, fazendo a seguinte recomendação:
“O comerciante deve sempre ficar atento a este e a todos os tipos de golpe que ocorrem na praça. Ele não deve tomar nenhuma iniciativa ou decisão, se não for com calma, sentado, dando toda a atenção proposta recebida. Principalmente no que se refere a ofertas de serviço relacionadas a itens de segurança do estabelecimento, como uma Porta de Aço.”

E às vítimas do golpe, reforça a orientação dos Agentes de Segurança:
“Faça sempre o Registro da Ocorrência na Delegacia. Os órgãos de segurança sempre devem ser procurados”.