Buracos de colônia de formigas na Praça Xavier de Brito, na Tijuca – Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Especialista diz que não há risco.

Por Isabela Aleixo para Extra

Um enorme formigueiro com diversos buracos tem preocupado quem frequenta a Praça Xavier de Brito, na Tijuca, a Praça dos Cavalinhos. A colônia está se alastrando pela região e apesar de não ter atingido ainda a área próxima ao parquinho onde as crianças brincam, as formigas são uma preocupação para os pais que levam os filhos para se divertir na praça.

Carla Leiras, de 41 anos, conta que fica atenta quando o filho de 1 ano brinca por ali:

— As crianças ficam descalças, sentadas no chão. É um risco, sem dúvida, porque as formigas são enormes. Estava cheio, eu espantei algumas.

A empreendedora Rebeca Pereira, de 28 anos, também leva a filha de 3 anos ao parque da praça e aconselha a criança a se distanciar dos insetos.

— Nas férias eu trago para ter uma distração, não ficar só em casa. A gente tenta ficar alerta, apesar de ser uma praça, que é o lugar de natureza das formigas, elas podem machucar as crianças. Eu já ensino a minha filha a ter cuidado com elas, a não ficar tão perto, porque pode picar e irritar a pele — afirma.

O roteirista Vitor Ked, de 39 anos, conta que o sobrinho, de 7 anos, se bate durante as partidas de futebol na praça para espantar as formigas:

— Muitas vezes as crianças jogam descalças e as vejo dando tapas em si mesmas. É cada formiga grande! Eu percebi por causa do meu sobrinho, porque ele e as crianças reclamam.

Já para o engenheiro de computação Roberto Fonseca, de 34 anos, as formigas não são uma preocupação:

— Eu acho que as pessoas estão muito acostumadas com prédio. Não tem remédio para formiga, é veneno, e a gente não quer conviver com veneno. Acho que o problema é mais a falta de espaços como esse na cidade que as formigas.

A funcionária pública Florinda dos Anjos, de 60 anos, que passeava com o cachorro, concorda e não se sente incomodada pelas formigas.

Formigas-cortadeiras se multiplicam em formigueiro na Praça Xavier de Brito – Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

O professor do Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Jarbas Marçal Queiroz, explica que as formigas que se multiplicam na Praça dos Cavalinhos são do tipo cortadeiras (ou saúvas), que cortam plantas e se alimentam do fungo produzido por essas folhas no interior dos formigueiros. Segundo ele, elas não apresentam risco à saúde humana porque não ferroam:

— Eu seria muito cauteloso em afirmar que este ninho pode representar uma ameaça. Acho que o problema seria só se tivesse perto de uma habitação, porque são grandes e pode comprometer alguma construção, mas não acho que seja o caso.

Os buracos na Praça Xavier de Brito consituem, de acordo com o especialista, um único formigueiro. Ele diz que uma colônia de saúva pode durar cerca de 20 anos e que não apresenta riscos ao ecossistema da praça:

— Uma ou outra espécie de planta pode acabar morrendo por causa da desfolha, mas tem outro lado nisso também. Durante o período de revoada, em outubro e novembro, esses formigueiros produzem novas rainhas que são alimentos importantes para pássaros. Então, mesmo em um ambiente urbano as formigas têm um lado positivo que é servir de alimento para outras espécies na cidade.

O período do verão é propício para a reprodução das espécies e para o especialista não há necessidade de controlar o formigueiro:

— Não acho que os prejuízos sejam grandes a ponto de precisar controlar. Eu acho que vale monitorar para ver se está crescendo, fazer uma análise de estrutura junto com um engenheiro civil para ver se ameaça alguma construção mesmo. Essas formigas fazem parte da fauna urbana agora. Como elas cortam as plantas, a principal preocupação em relação a elas é em áreas de reflorestamento, de plantio agrícola.

Procurada, a Comlurb informou que irá nesta terça-feira à praça fazer uma aplicação de inseticida no formigueiro.