Evento ocupa o Teatro Ziembinski no sábado e domingo, das 14h às 22h, com 26 shows

Fonte por O Globo

O próximo fim de semana será de festa para a cena roqueira na cidade. Depois de 20 edições que reuniram 70 bandas e artistas independentes, em apresentações com ingresso a R$ 1, o projeto Rock in Real preparou uma celebração especial de fim de ano com um formato inédito no palco do Teatro Municipal Ziembinski. Inspirado em iniciativas com ideais sustentáveis que ocorrem no exterior, o evento terá, em dois dias de atrações, 26 shows de artistas de diferentes partes do país, exposição de fotos, gravuras, tecidos acrobáticos e uma feira com comida vegana, cerveja artesanal, arte e moda. O ingresso para cada um dos shows custará R$ 1, mas o público terá a opção de comprar o Rock in Real Card (R$ 5), que dará direito a assistir a todas as apresentações do dia.

— A repercussão tem sido incrível. É um evento feito à mão, sem patrocínio, com muito carinho e suor, e as pessoas se identificam com isso. Com a experiência desses três anos, temos a segurança para ousar e botar de pé uma edição maior, com cara de festival — afirma David Obadia, baterista da banda tijucana Balba e idealizador do Rock in Real.

A ideia surgiu em 2014, diante de uma necessidade da banda, que sofria com a escassez de palcos para apresentar o seu projeto autoral na cidade.

Banda Balba foi a idealizadora do projeto - David Obadia / Divulgação

Banda Balba foi a idealizadora do projeto – David Obadia / Divulgação

— Como ocorre com quase todo artista independente autoral em algum momento, a Balba não tinha onde tocar. Resolvemos arregaçar as mangas e produzir o nosso próprio evento. No início, o formato era itinerante. Na nona edição surgiu a parceria com o Teatro Ziembinski — destaca Obadia.

De lá para cá, o projeto foi se desenvolvendo, até se consolidar no formato atual, em que as apresentações musicais têm como pano de fundo exposições de fotos, artes plásticas, performances de balé e tecidos acrobáticos, que ocorrem simultaneamente. Nos intervalos, enquanto a próxima banda prepara o palco, o mestre de cerimônias Dan Menezes — vocalista da banda Venus Café e um dos organizadores do projeto — segura o público com seu show de stand-up comedy e convidados especiais. Já passaram pelo palco, por exemplo, performances de beat box, duelos de hip hop, gincanas com o público, mesas-redondas e até uma fanfarra tocando rock na edição temática de carnaval.

— Colocar um evento independente como este de pé é um verdadeiro trabalho de formiguinha. Tem de tudo, desde bandas amigas que também ajudam na produção e divulgação até grupos dos quais somos fãs e que convidamos, passando pelos que se interessam pelo evento, mandam material e acabam virando novos amigos. É isso ou nada. A situação está ruim para todos os ramos da economia, e com a música não seria diferente. Então passa a ser uma questão de criatividade e muito trabalho para conseguir criar um conceito que seja interessante para o público — afirma Menezes.

Segundo ele, outro desafio é fazer com que as pessoas compareçam a um evento de rock, um gênero com muito menos espaço na cidade do que o samba ou o funk, por exemplo.

— O rock é realmente um gênero que fica em segundo plano no Rio de Janeiro. Mas, por outro lado, o público que gosta de rock é bastante fiel, então nosso desafio é conseguir fazer chegar aos ouvidos desse pessoal que existe um festival com bandas novas e independentes. Temos obtido sucesso, já que as edições têm sido de casa cheia — destaca.

A divulgação do projeto nas redes sociais é uma atração à parte. A cada edição, são gravados pequenos curtas reunindo os participantes em situações inusitadas, sempre tendo o mestre de cerimônias como “escada” para as piadas. O material pode ser visto na página oficial do projeto no Facebook: facebook.com/rockinreal.

— Os vídeos sintetizam o espírito do festival. Para o público, é a construção de uma marca divertida e de qualidade e tem sempre algo inesperado, que as pessoas curtem. Internamente, a equipe se une no clima “faça-você-mesmo”, sem qualquer recurso além da vontade de fazer acontecer. É assim com o vídeo, é assim com o evento e há de ser com esse festival — afirma o músico.

O rock em diversas vertentes

O festival Rock in Real terá 13 atrações em cada dia, que se alternarão entre o palco principal do teatro e outro externo, para apresentações acústicas, intimistas e pocket shows. Na escolha dos artistas, a organização buscou privilegiar diferentes vertentes do rock:

— Tentamos ser bastante democráticos na escolha das atrações, mas prezando sempre pelo rock. Esse é o DNA do evento. No fim, conseguimos contemplar o máximo possível de bandas, para ficar uma festa variada e eclética — afirma Dan Menezes, um dos responsáveis pela curadoria do festival.

Uma das atrações do festival, banda Venus Café venderá também a sua cerveja - Divulgação/Juliana Ramos

Uma das atrações do festival, banda Venus Café venderá também a sua cerveja – Divulgação/Juliana Ramos

Entre os nomes estão as bandas cariocas Balba, Venus Café, Stereophant e Miss Hell (Rio de Janeiro); e atrações de outras cidades, como Nanan (Curitiba/PR), Drulucca (Fortaleza/CE), Sentimento Carpete (São Paulo/SP), Jan Santoro e Mad Lucas (Niterói), Hell OH! (Nova Friburgo), Banheiro Azul (Mesquita), Metabrisa e Projeto Abalone (Petrópolis).

— Assim que estiver concluída essa etapa, que é o festival, o próximo passo será correr atrás de patrocínio ou editais. Mas, conseguindo ou não, vamos seguir com o projeto, na cara e na coragem, como foi desde o início — conclui o idealizador, David Obadia.

+INFO

Sábado e domingo, das 14h às 22h, no Teatro Ziembinski — Rua Urbâno Duarte 30, Tijuca. Telefone: 3234-2003). Ingresso: R$ 1 (por show). Livre.