Bairro é escolhido após o cerco à festas irregulares no Joá

Fonte por Stéfano Salles para o Globo

Eventos invadem mansões sem alvará do Alto da Boa Vista

A intensificação da fiscalização sobre a realização de festas comerciais em estabelecimentos sem alvará no Joá, na Zona Oeste, iniciada em fevereiro deste ano pela prefeitura, fez com que os eventos irregulares e, claro, o transtorno, mudassem de endereço. Agora, os eventos foram transferidos para as mansões do Alto da Boa Vista. Desde então, moradores do bairro, conhecido pela tranquilidade proporcionada pela baixa densidade populacional e pela vizinhança silenciosa da Floresta da Tijuca, passou a lidar com problemas como poluição sonora, engarrafamentos frequentes e até mesmo com a ocorrência de roubos quando os veículos estão parados à espera da normalização do tráfego.

Organizados, grupos de moradores tentam pressionar o município em busca de uma solução, a exemplo do que aconteceu no Joá, e já realizaram pelo menos duas reuniões com a Superintendência de Administração Regional da Tijuca. As principais reclamações estão concentradas em imóveis das estradas do Córrego Alegre e da Gávea Pequena, próximo ao histórico imóvel que abriga a residência oficial da prefeitura. Mila Feijó, da Associação de Moradores da Pedra Bonita, explica detalhes dos transtornos ocasionados pelos eventos no bairro.

— Estamos em uma Área de Proteção Ambiental e Recuperação Urbana (Aparu), que exige cuidados especiais e fiscalização. Os eventos acontecem em ruas secundárias, sem infraestrutura. Algumas delas, como a Estrada do Córrego Alegre, não têm saída e são muito estreitas, por exemplo. E o transporte público não chega até aqui. Então, as pessoas vêm de carro: há excesso de veículos, o que compromete o tráfego; som alto, que não deixa ninguém dormir; e muito lixo — protesta.

Eventos invadem mansões sem alvará do Alto da Boa Vista

Superintendente da Administração Regional da Tijuca, José Henrique Júnior alega já ter entrado em contato com os proprietários das casas que abrigam os eventos.

— Eu me reuni com eles há um mês para acertar procedimentos. Levei um representante da CET-Rio para explicar as normas de trânsito e estacionamento e da Comlurb para fazer o mesmo com relação ao recolhimento de lixo. Já fiz levantamento sobre alvarás e iniciei operação em algumas casas para checar o cumprimento das determinações. Essas fiscalizações vão se repetir sempre — promete.

De acordo com a Secretaria municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, desde 2003 a legislação permite a presença de casas de festas regularizadas na região. No ano passado, uma nova medida passou a regular a realização de eventos diversos, raves e festas comerciais, com previsão de pagamento de multa de R$ 2 mil em caso de desobediência.

Em resposta à reportagem, a Secretaria municipal de Fazenda afirmou, por meio de nota, que as autorizações transitórias concedidas pela Coordenadoria de Licenciamento e Fiscalização são válidas apenas para eventos pontuais e que, nestes casos, as limitações impostas pelo zoneamento não são empecilho para a autorização. Dos três imóveis citados na reportagem, o órgão só concedeu autorização para um evento, na Estrada do Córrego Alegre 15. O órgão se comprometeu a avaliar os registros de reclamações no local. Caso constate incômodo, a secretaria promete indeferir pedidos semelhantes. Procurados, os proprietários dos imóveis não foram localizados.

 

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