Músicos e produtores do evento – Brenno Carvalho

Festival Levada acontece este mês no Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola

POR O GLOBO

Com o objetivo de revelar nomes da cena independente da MPB, o Festival Levada chega à Tijuca nesta terceira e última fase de sua sétima edição. Como aconteceu no evento passado, o Centro de Referência da Música Carioca Artur da Távola (Rua Conde de Bonfim 824) volta a ser o palco dos shows na região, onde serão realizadas apresentações nas próximas semanas e até o fim do mês, sempre às quintas e às sextas, a começar por hoje e amanhã, às 20h, com o jovem intérprete pernambucano Ayrton Montarroyos abrindo a programação.

Em sete anos de atividades, o Festival Levada revelou nomes como os de Baiana System, Metá Metá, Carne Doce, Ian Ramil e Letrux, entre muitos outros que passaram por seus palcos. No entanto, nem só de iniciantes é feita a programação.

— A grande maioria não é iniciante, já tem uma carreira em andamento e até consolidada, com um público específico. São nomes do mercado independente, que não estão na grande mídia ou em grandes gravadoras, mas isso não quer dizer que não fazem música de qualidade. Muito pelo contrário — explica Jorge Lz, curador do evento. — Dessa vez temos, por exemplo, o paulistano Rômulo Fróes, que está lançando o seu nono disco.

Segundo Lz, a regra é nunca repetir atrações.

— Não é difícil encontrar bons nomes. O mais difícil é selecioná-los. Há muita gente boa surgindo Brasil afora. Para se ter uma noção, poderíamos fazer um festival do gênero durante os 12 meses do ano. Temos a característica de trazer pelo menos um artista de cada uma das cinco regiões do Brasil — afirma o curador, que comanda todos os sábados, das 17h às 19h, na Rádio Roquette Pinto (94.1 FM), o programa “Radar”, cuja proposta também é mostrar artistas da cena independente brasileira.

O cantor carioca Brunno Monteiro, que se apresentou em 2013, fala sobre a importância do festival para o mercado independente.

— No Levada eu tive a oportunidade de lançar o meu primeiro disco. O Oi Futuro Ipanema ficou lotado. Trata-se de um público cativo e isso é muito bom. Sem contar que na ocasião vários outros artistas independentes estavam fazendo shows. Além da oportunidade de conhecê-los, o festival ajuda a criar um público atento à programação do gênero — explica.

Artista que tem feito sucesso misturando música eletrônica com várias vertentes da MPB, Donatinho, filho de João Donato, é um dos que participaram de edições anteriores do Levada, tendo feito, em 2014, o pré-lançamento do seu disco no festival.

Abrindo a programação no Centro de Referência da Música Carioca hoje e amanhã, com ingressos a R$ 20 (inteira), Ayrton Montarroyos, de Recife, destaca-se como um dos mais interessantes intérpretes da nova geração. Lançou seu primeiro disco em 2017, mesmo ano em que teve uma passagem elogiada pelo programa “The Voice”, da TV Globo.

Na segunda semana do evento, nas próximas quinta e sexta-feira, é a vez de Luê, do Pará, apresentar seu novo trabalho. A cantora e violinista de Belém lançou, no final de 2017, o seu segundo disco, “Ponto de mira”, com sonoridade mais eletrônica.

O paulistano Rômulo Fróes, que faz shows dias 19 e 20, é a atração seguinte do Levada. Integrante do quarteto Passo Torto, Fróes é considerado um dos principais compositores paulistanos e prepara novo álbum de inéditas. Lançou um disco em homenagem ao sambista Nelson Cavaquinho, uma compilação de músicas suas gravadas por mulheres, além de um disco com o cantor mineiro César Lacerda.

A banda carioca Pietá encerra a programação do Festival Levada, nos dias 26 e 27. Formada por Frederico Demarca, Rafael Lorga e pela cantora potiguar Juliana Linhares, mistura vários elementos da MPB e está lançando o seu segundo disco “Leve o que quiser”, com participações de Chico César, Cláudio Nucci e Carlos Malta. Com seis anos, a banda lançou o seu primeiro CD em 2015 e já se apresentou em palcos locais como os do Circo Voador, Castelinho do Flamengo, Arpoador e pelos quatro cantos do Brasil, criando um público cativo.

— Queremos nos apresentar para as pessoas, mostrar nossa música. Pegar um público que está com os ouvidos frescos, que não ouviu o som na rádio ou na internet, mas às vezes cria uma relação e acaba gostando — diz Demarca.

O produtor Julio Zucca diz que o Centro de Referência da Música Carioca é o espaço ideal para o Levada.

— O local é ótimo não só pelo teatrinho, que é confortável e tem uma acústica sensacional e por toda a infraestrutura, que permite se fazer um show com qualidade, mas também por funcionar nesse belo casarão, de estilo ímpar. É um espaço que parece seguir a filosofia do Levada porque, assim como as apresentações em cartaz, há qualidade de sobra, mas pouca gente conhece, tanto o local quanto a música. É lamentável que seja assim, que poucos conheçam, principalmente o público da Zona Sul e de outras regiões da cidade onde há boa oferta de espaços para apresentações.

Com verbas da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, o Festival Levada começou em maio, no Teatro Ipanema, passou pelo Teatro do Sesi, na Avenida Graça Aranha, no Centro, e circulou por outros espaços da Zona Sul.