Capitães da PM organizam levantamento de custos da operação. Empresários vão ‘correr atrás’ de entidades que possam financiar programa.

Fonte por Jornal O Globo

A Grande Tijuca pode ser a próxima região do Rio de Janeiro a ter por ruas dos bairros agentes do programa Segurança Presente. Um estudo elaborado por capitães da Polícia Militar, feito a pedido da Superintendência da Grande Tijuca, vai levantar os custos para a implementação do projeto. O levantamento deve ficar pronto em 20 dias e o valor para bancar a operação pode passar de R$ 20 milhões.

Enquanto nada é definido, a preocupação de empresários é encontrar interessados em financiar o programa. Por ora, não há instituições predispostas a investir na empreitada.

Na última terça-feira (14), uma reunião organizada pela Superintendência, que é vinculada à Prefeitura do Rio, reuniu diversos órgãos e teve como um dos objetivos avaliar de que forma tirar do papel o projeto Tijuca Presente. O superintendente José Henrique Junior explicou que o prefeito Marcelo Crivella já deu o aval para a implementação do programa e a expectativa é que com o aumento na segurança nos bairros a economia local volte a “aquecer”.

“É um pleito da antigo sociedade da Grande Tijuca. Eles sempre solicitaram uma extensão mais ativa da segurança pública e esse modelo tem dado certo em outros lugares. Um dos objetivos é voltar a aquecer a economia”, avaliou o superintendente.

Mas para deixar de ser um sonho tijucano, uma das preocupações é justamente quem irá arcar com os gastos da operação. Em outros locais onde o programa já funciona – Méier, Centro, Aterro do Flamengo e Lagoa – o aporte da Fecomércio tem garantido a atuação de policiais militares que se inscrevem para participarda ação.

Até o momento, não houve qualquer anúncio de que a Fecomércio vá participar do plano. Entusiastas do projeto buscam, então, o apoio de comerciantes e instituições bancárias do bairro. Conforme diz o presidente da Associação Comercial e Empresarial da Tijuca, Jaime Miranda, só com o projeto “debaixo do braço” será possível encontrar parceiros para o programa.

“Vamos buscar esses parceiros para chegar a alguma instituicão ou empresa que banque isso”, disse.

Na avaliação de Miranda, reforçar a segurança na Praça Saens Peña, um dos pontos mais tradicionais da Tijuca, seria um bom começo para dar “novos ares” ao bairro. De acordo com ele, diariamente passam pelo local cerca de 200 mil pessoas e, ainda assim, devido a crimes, comerciantes da região têm registrado perdas de 20 a 25% no movimento.

Parceria entre o governo do Estado e a Fecomércio, as Operações Segurança Presente começaram no dia 1º de dezembro de 2015, no Méier, na Lagoa Rodrigo de Freitas e no Aterro do Flamengo. No dia 4 de julho de 2016, a Operação chegou ao Centro da cidade.

Mais de 4 mil presos

Desde o início do patrulhamento, mais de 4 mil pessoas foram presas e 429 mandados de prisão foram cumpridos nas quatro áreas.

As Operações Segurança Presente foram inspiradas na Lapa Presente, criada em 1º de janeiro de 2014, que, segundo o governo, já prendeu mais de 5,2 mil criminosos e capturou 600 foragidos da Justiça.

Moradores cobram mais segurança

O Jornal esteve na Praça Saens Peña nesta segunda-feira (20) para ouvir moradores e comerciantes sobre a sensação de insegurança no local. Segundo eles, como mostra o vídeo acima, é comum ver roubos em alguns dos locais mais movimentados do bairro.

“Tem que melhorar realmente porque a ausência do poder público aqui está grande. A gente vê muita correria, muitos moradores de rua. As pessoas pegam corridas (de táxi) curtas com medo de se deslocar. Descem do metrô já correndo em direção ao carro”, contou o taxista Rafael Magarão.

A moradora do bairro Maria Terezinha também reclamou da falta de segurança: “Eu vejo, como na semana retrasada mesmo, pessoas assaltadas aqui. Precisa realmente de mais policiamento na região.”

Violência rotineira

A região da chamada Grande Tijuca foi palco recente de episódios até mais graves, com vítimas de assalto ou suspeitos baleados. No dia 16, uma tentativa de assalto terminou com a morte do policial militar Renato Cesar Jorge Cardoso na Rua São Francisco Xavier, em frente à Uerj, no Maracanã. Uma semana antes, na mesma via, outro PM reagiu quando viu uma tentativa de assalto e baleou dois suspeitos. Em novembro, um jovem foi assassinado na mesma região, durante uma tentativa de assalto.

Segundo o ISP, total de registros de roubos computados nas 19ª DP (Tijuca) e 20ª DP (Vila Isabel) foi maior em 2017 do que em 2016, comparando os meses de janeiro dos dois anos. Os casos saíram de 279 para 342, um aumento de 22%. Já os roubos a estabelecimentos comerciais caíram segundo o último balanço do instituto, de 18 para 13 casos.

Os números, entretanto, pode ser ainda maiores. O Instituto de Segurança Pública alerta que, devido à greve da Polícia Civil, pode estar acontecendo impacto nos registros, devido à subnotificação de casos.

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