Take it Easy. Felipe Veríssimo tatua na cliente desenho de sua nova série de trabalhos autorais: inspiração nos modernistas – Pedro Teixeira

Conheça três tatuarias da região: Take It Easy, Banzai e Supernova

Por O Globo

A múmia de 5.300 anos encontrada nos Alpes orientais europeus em 1991 ostentava nada mais, nada menos que 61 tatuagens em sua pele preservada pelo gelo, muitas delas próximas a conhecidos pontos de acupuntura, a maioria com desenhos geométricos e barras em composições semelhantes ao iChing. A comprovação da arte de desenhar o corpo de forma definitiva como prática milenar comum a civilizações primitivas e a sua popularização nos dias de hoje ajudam a reforçar a importância e o valor histórico e artístico da tatuagem. Há cada vez mais estúdios, muitos deles na região, dispostos a se reinventar, em busca de uma adaptação às necessidades do mercado e a um público exigente. Entre as novidades que movimentam esses espaços estão ações promocionais, festivais e cursos de formação de tatuadores.

Esqueça os catálogos e aquelas pastas enormes com desenhos de tigres, dragões e carpas. Em busca de um novo conceito, o tatuador Felipe Veríssimo criou, em 2015, a Tatuaria Take it Easy, em Vila Isabel.

— Eu faço o que o cliente pedir, de escudo de time de futebol a nome de parente, mas gosto mesmo é de inovar. Tento trazer o que vejo nas ruas e nas artes plásticas e visuais para o mundo da tatuagem. Minhas inspirações são as telas de Max Bill e Mondrian (pintores modernistas), por exemplo. E estou com uma série nova de trabalhos autorais, na qual vou formando o desenho através de linhas horizontais e verticais, como se estivesse pintando um quadro.Há uma procura grande por este trabalho — conta ele.

No Take it Easy também é oferecido um curso com foco nas técnicas da tatuagem, com duração de um mês e meio, sendo uma aula (particular) por semana, e horas de coworking, com mesas alugadas por tatuadores iniciantes (e talentosos) que precisam de espaço.

Aberta em 1998, a Supernova Tattoo tem, no final deste mês, o seu Flash Day (dia dedicado a tatuar desenhos pequenos feitos pelos tatuadores da loja, com descontos), evento anual.

— O cliente nos mostra mais ou menos o que quer e buscamos criar novos desenhos, para que fique original. Investimos em livros sobre o tema para os tatuadores expandirem a mente — explica Harry Grossman, sócio da loja.

Já a tradicional Banzai, desde 1984 no ramo, realizará neste sábado o seu Flash Day (com 50% de desconto). A loja também deve oferecer um curso sobre o tema em setembro, na unidade do estúdio na Barra da Tijuca (Shopping Downtown).

Fábrica de novos (e bons) tatuadores

N a pequena e pacata Travessa Padre Damião, ruazinha sem saída espremida entre estabelecimentos comerciais na Conde de Bonfim, em frente ao Tijuca Tênis Clube, funciona, no número 15, desde 2011, a Escola de Tatuagem e Ética. O espaço, especializado na formação de tatuadores profissionais, é coordenado pelo premiado Mauro Simões, de 46 anos, no ramo há 33. Em média são formados na escola cerca de 40 tatuadores por ano.

— Eu faço uma prova com os interessados antes. O aluno deve ter alguma habilidade que seja com o desenho. Não pode ser totalmente cru — explica.

A duração do curso é de cerca de cinco meses, e o conteúdo é dividido em cinco módulos, com aulas teóricas e práticas.

— Não nos limitamos ao ensino de desenhos. Falamos sobre biossegurança, compra de material, convenções e gestão de negócios, história de antigos mestres, entre outros assuntos — afirma Simões.

Ao entrar na escola, o estudante assina um termo de compromisso: não poderá exercer a função de tatuador até o fim do curso de formação. Depois do treinamento em pele sintética, o futuro profissional está apto a tatuar um voluntário convidado por ele mesmo.

— A partir de setembro vamos começar a chamar os alunos que mais se destacaram para trabalhar aqui, numa espécie de estágio — finaliza Simões.