Dependentes químicos perto da universidade – Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

Estudantes e comerciantes afirmam que assaltos são frequentes na região

Por Lucas Altino para O Globo

De um lado, uma cômoda e uma estante. Do outro, um banco, uma TV e alguns equipamentos eletrônicos. O que poderia ser descrito como uma sala de estar é, na verdade, um canteiro no entroncamento da Rua São Francisco Xavier com a Avenida Radial Oeste, no Maracanã. O local virou uma extensão da chamada Cracolândia da Uerj, que não para de crescer, apesar de o poder público ter feito algumas tentativas de ordenamento na região.

No fim do mês passado, por exemplo, agentes da Guarda Municipal e funcionários da Comlurb realizaram uma operação na cracolândia, que fica a aproximadamente quatro quilômetros da sede administrativa da prefeitura. Foram recebidos a pedradas por dependentes químicos, que chegaram a atear fogo a móveis e montes de lixo. O Corpo de Bombeiros teve de ser acionado. Na manhã deste domingo, o cenário era composto por dezenas de pessoas que consumiam drogas em meio a muita sujeira.

De acordo com a Secretaria municipal de Assistência Social e Direitos Humanos, 40 dependentes químicos da região foram atendidos na primeira quinzena do ano com oferta de acolhimento e serviços de saúde, mas o órgão admite ter encontrado dificuldades por conta da “profunda relação do grupo com o uso de crack”. A pasta informa que está avaliando outras estratégias em conjunto com a Superintendência da Tijuca, e ressalta que a internação compulsória é proibida por lei.

Comerciantes do entorno e alunos da Uerj dizem que assaltos são constantes no entorno da cracolândia, que fica ao lado da antiga Favela Metrô Mangueira, removida na gestão anterior da prefeitura. Aluna de direito da Uerj, Gabriela Farias contou que, por medo, mudou seu itinerário:

— Ouvi vários relatos de colegas sobre assaltos e, como a cracolândia fica perto do metrô, passei a ir de ônibus para a universidade. Os dependentes químicos roubam celulares dos estudantes para trocá-los por drogas.

Pedindo para não ser identificada, uma comerciante que trabalha em frente à cracolândia também reclamou da falta de segurança:

— Os usuários de drogas estão assaltando com facas.

A Polícia Militar informou que a região é patrulhada pelo 6º BPM (Tijuca) e destacou que, nas três primeiras semanas de janeiro, houve três ocorrências de roubos na Radial Oeste, contra 13 no mesmo período de 2018.