Cabine da Edmundo Rêgo. Após reunião com moradores, 6º BPM retomou o horário de 24 horas de funcionamento – Foto: Brenno Carvalho / Brenno Carvalho

Companhias destacadas e volta de cabines 24 horas estão entre as pautas

Por Maurício Peixoto para O Globo

Sábado passado, a região presenciou uma lamentável cena de violência urbana. Em uma perseguição, por volta das 20h, bandidos em fuga trocaram tiros com policiais na Rua Conde de Bonfim, na altura da Rua Uruguai. Um tiro de fuzil matou um garçom de um bar, e outras duas pessoas ficaram feridas. Esse é apenas um retrato da violência crescente que vem assolando a região, e que pode ser visto quase todos os dias em páginas de alerta no Facebook envolvendo a área.

Os números não deixam mentir: de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), na área do 6º BPM (que pega a 18ª DP, 19ª DP e 20ª DP), na comparação entre 2017 e 2016, o roubo a comércio aumentou 25% (de 335 para 419), a veículo 39% (de 920 para 1279) e a transeunte 7% (de 2.849 para 3.048).

A equipe do Jornal O Globo conversou com o comandante do 6º BPM, o tenente-coronel Luiz Cláudio dos Santos Régis, e com associações de moradores da região para saber como tentar superar essa onda de criminalidade. Duas coisas são comum entre eles: a necessidade de aumentar do contingente e a incessante participação da população.

No batalhão desde outubro, o comandante Luiz Cláudio diz que trabalha com cerca de 230 homens aptos a estar nas ruas, muito pouco para um local extenso como a Grande Tijuca, que cobre três delegacias .

— É um número baixo sim. Quanto mais material humano, melhor. Pude sentir também desde a primeira vez que entrei nesse batalhão a vontade da população de querer melhorar a segurança. É muito importante a participação dos moradores para que o trabalho seja mais efetivo. Seja na sugestão de ideias ou nas denúncias, seja na hroa de registrar as ocorrência — acredita.

Em relação ao aumento do contingente, a Associação de Moradores do Grajaú vai se reunir ainda este mês com o secretário de Segurança para fazer essa solicitação. A Associação de Moradores e Empresas da Grande Tijuca (Amoti), representada por Alexandre Knoploch, também chegou a fazer isso, em reunião no meio do ano passado, mas a resposta não foi positiva.

— É difícil, pois todo mundo quer mais contingente em seus batalhões. Nossa esperança é que os policiais das UPPs sejam realocados, como prometido em agosto do ano passado. As UPPs da região têm mais efetivo que no próprio batalhão — afirma Knoploch.

Em relação a essa realocação, a PMERJ foi evasiva, dizendo que “houve uma perda de efetivo de policiais na atividade fim e que esta perda está sendo reposta com o processo de realocação de policiais a partir da reestruturação das UPPs”, mas não disse para quais locais e nem o número exato de homens.

Já a presença da população no debate junto às autoridades tem gerado bons resultados. Em uma reunião promovida pela Associação de Moradores do Grajaú (Amgra), em meados de janeiro, os moradores conseguiram, por exemplo, que a cabine da Praça Edmundo Rêgo voltasse a funcionar 24 horas, com a presença de dois soldados. Instalada nos anos 1990 com essa finalidade, há dois anos e meio o esquema mudou. O comandante também prometeu que a cabine da Praça Verdun voltará a ser 24 horas a partir de março.

— Conversamos ainda com a Guarda Municipal, que se comprometeu em março a ajudar no patrulhamento do bairro, em conjunto com a PM, para evitar o crime de menor potencial ofensivo, como furtos e roubos a transeunte, que são os de maior número no Grajaú. Além disso, teremos uma reunião no começo deste mês com o secretário de Segurança, para tentar aumentar o efetivo do 6º BPM. Fizemos um abaixo-assinado com mais de mil nomes — diz Fernando Silva, secretário da Amgra.

Já a Associação de Moradores da Tijuca (Amoti) está com um projeto de implementação de Companhias Destacadas (uma espécie de minibatalhão em grandes contêineres) nas praças Afonso Pena (área da 18ª DP), Saens Peña (da 19ª DP) e Barão de Drummond (da 20ª DP).

O projeto, que teve apoio financeiro da iniciativa privada, foi apresentado em outubro à prefeitura, mas a Fundação Parques e Jardins (FPJ) barrou, pois, de acordo com explicação da Amoti, “não pode haver uma estrutura que não seja de uso para a praça”. No entanto, a Amoti foi à Secretaria de Conservação e Meio Ambiente (secretaria que coordena a FPJ) em dezembro para conseguir a liberação.

— A implementação das companhias fica em torno de R$ 100 mil; e o funcionamento mensal, em R$ 10 mil cada. Seriam 70 homens em cada. É um boa ideia, pois traria mais dinâmica à logística: a troca de turno seria ali, gastaria menos gasolina, e os policiais estariam mais presentes. Esperamos que o estado não fique de burocracia e que consigamos a liberação — diz Knoploch.

A Parques e Jardins informou que aguarda formalização dos processos administrativos pela Casa Civil para dar andamento à liberação dos espaços para implantação das companhias.