Projeto de César Maia foi aprovado, impedindo que Rua Benevenuto Berna sofra alterações futuras e especulação imobiliária

Fonte por Jornal O Globo

Escondida no populoso e movimentado bairro do Maracanã, entre as ruas São Francisco Xavier e Lúcio de Mendonça, uma via curtinha, com cerca de 200 metros de extensão, tem atmosfera tão bucólica que surpreende os mais desavisados. O cenário é de casas com muros baixos, suntuosas e de grande valor arquitetônico que parecem transportar a décadas passadas. Por esses e outros motivos, a Rua Benevenuto Berna acaba de ser tombada.

Ciente da singularidade do lugar e da relevância histórica de seu conjunto, a Câmara dos Vereadores aprovou o projeto 2.041, de 2016, do vereador César Maia, que sugeria o tombamento da via por interesse histórico e arquitetônico.

O vereador deu entrada no projeto pedindo o tombamento em 16 de outubro do ano passado. Mas só no último dia 22 o plenário da Câmara rejeitou o veto que o prefeito Marcelo Crivella havia dado à iniciativa.

De acordo com o texto no artigo 2º do projeto, “ficam vedadas a descaracterização e a mudança do zoneamento residencial de toda a sua extensão, com a finalidade de manter a sua ambiência”.

— Essa rua é uma raridade no Rio de Janeiro. Tem todas as residências baixas e preservadas, além de ser arborizada. Embora próxima de áreas de grande movimento e do entroncamento entre duas ruas importantes, a Rua Benevenuto Berna preserva uma ambiência bucólica, sendo exclusivamente residencial — diz César Maia, acrescentando que o tombamento evita que se perca, na cidade, a “preciosidade da rua”, mesmo com as mudanças legislativas que possam surgir. — É uma rua estreita, entre a Morais e Silva e a São Francisco Xavier. Com esse tombamento, nada poderá ser alterado e nenhuma edificação nova terá autorização para ser erguida. Proteger a Benevenuto Berna é preservar a memória da Grande Tijuca e lutar pela manutenção da existência de um logradouro ímpar, arejado, arborizado, com uma vizinhança que se conhece há décadas.

O aposentado Luiz Carlos Silva, de 78 anos, é a favor do tombamento.

— Essa rua faz lembrar o Rio Antigo. Protegê-la é livrá-la da especulação imobiliária e de modificações radicais. Imaginem construir um prédio gigante ali? Acabaria com todo o glamour da área. Além de afetar a parte arquitetônica e de paisagismo, a rua ficaria muito mais movimentada — justifica Silva.