Biblioteca Marques Rabelo. Alessandra Passos, gerente, e André Luiz Silva, secretário da unidade – Brenno Carvalho / Fotos de Brenno Carvalho

Objetivo é continuar atraindo leitores

Por O Globo

Em 1984, cantavam os Paralamas do Sucesso: “Os livros na estante já não têm mais tanta importância”. Entoada em 2018, a primeira frase de “Mensagem de amor” reflete um dilema comum em tempos de velozes mídias socias e smartphones. Mas há lugares que tentam conciliar na mesma página a modernidade e os livros na estante. Afinal, nas bibliotecas públicas, eles ainda têm importância. Mas para manter a atenção do público e renová-lo é preciso adotar outros ritmos: mais do que espaços de leitura e de estudo, elas vêm abrigando atividades variadas, como oficinas e trocas de livros.

Dos volumes didáticos às biografias, passando por exemplares das literaturas brasileira e estrangeira, são ricos os acervos das unidades mantidas pela prefeitura na região: a Biblioteca Popular da Tijuca Marques Rebelo, a Biblioteca Popular do Rio Comprido Annita Porto Martins (ambas da Secretaria municipal de Cultura) e a Biblioteca Escolar Municipal do Grajaú Clarice Lispector (que pertence à Secretaria de Educação).

Em funcionamento desde 1979, a Marques Rebelo, na Rua Guapeni 61, conta com 16 mil itens, entre livros, revistas e jornais. Oferece acesso gratuito à internet (uma hora por dia, agendada) e wi-fi ilimitado. Diariamente, o espaço realiza troca-troca de livros, por meio do qual os frequentadores podem entregar um exemplar e pegar outro (no máximo dois) e, às quartas, é realizada uma oficina de recreação da memória. Outra atividade da programação é a exposição: mensalmente é escolhido um tema e são reunidas obras sobre ele. Em março foi feita uma homenagem ao Dia Internacional da Mulher. É realizado também o “Libertação de livros”, projeto que consiste em doações comunitárias. Os livros que não têm perfil da unidade ou que já existem no acervo são oferecidos a quem desejar. O único compromisso é passar adiante.

— A atividade inclui palestras e jogos educativos que ajudam na memorização. Foi feita para idosos, mas quem quiser participar é bem-vindo — diz a gerente, Alessandra Passos.

Aberta há dois anos, no Rio Comprido (Rua Sampaio Vianna 357), a Biblioteca Annita Porto Martins conta com um acervo de três mil exemplares. Foi a primeira unidade entre as Bibliotecas do Amanhã, com acesso gratuito à internet, sinal de wi-fi e um programa educativo de excelência. Entre as atividades que movimentam a unidade estão o chá com poesia, na última quarta-feira do mês, com poemas recitados; e o encontro com o autor, que tem sempre um escritor falando sobre a sua obra. Além do troca-troca de livros, o espaço recebe escolas todos os meses e promove a “Troca de experiência” toda primeira terça do mês, com direito a bate-papo sobre plantas medicinais e ecologia.

— Nós temos um projeto de fazer um jardim no nosso pátio. A ideia é tentar capacitar e integrar a comunidade — diz a gerente Cilene Oliveira.

Inaugurada este mês, a Cordelteca reúne publicações da literatura de cordel.

— O patrono é Chico Sales, cordelista morto recentemente. É uma cultura riquíssima do nosso país, que deve ser sempre divulgada — acredita Cilene.

A Biblioteca Escolar Municipal do Grajaú Clarice Lispector (Rua José Vicente 55) existe desde 1974. Aberta ao público, que pode mergulhar no vasto acervo de livros, oferece atividades a diversas escolas da região. Entre elas, a hora do conto, de narração de histórias infantis; a oficina de pipas poéticas, ministrada por Nicola, antigo funcionário da biblioteca que ensina a montar e criar pipas; a oficina de dobradura e origami; o encontro para colorir; e o cineclube, com exibição de filmes educativos. Esporadicamente, escritores fazem palestras por lá.

— Penso que essas atividades estimulam crianças e jovens a tomarem gosto pela leitura e pelo ambiente da biblioteca — diz a bibliotecária Fernanda Nunes.