Estudantes da tradicional rede de colégios federais têm histórico recente de polêmicas


Fonte por Jornal O Globo

Esta já é a terceira polêmica envolvendo o tradicional Pedro II em um ano. Em setembro do ano passado, a reitoria decidiu extinguir a distinção do uniforme escolar por gênero — saia para meninas, short ou calça para meninos. Com isso, foi liberado o uso de saia pelos meninos e de short pelas meninas, cabendo a cada um escolher as peças com as quais mais se identifica.

Na ocasião, em comunicado oficial, o reitor do Pedro II, Oscar Halac, explicou que a medida era proposital e visava a evitar sofrimento em questões relacionadas à identidade de gênero. “Propositalmente, deixa-se a critério da identidade de gênero de cada um a escolha do uniforme que lhe couber. Estamos cumprindo a determinação de uma resolução vigente e procuramos de alguma maneira contribuir para que não haja sofrimento desnecessário entre aqueles que se colocam com uma identidade de gênero diferente daquela que a sociedade determina. Creio que a escola não deve estar desvinculada de seu tempo e momento histórico. A tradição não importa em anacronia, mas pode e deve significar nossa capacidade de evoluir e de inovar”. A nota do Pedro II se referia aos parâmetros da Resolução nº12 do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT).

Em janeiro deste ano, após uma ocupação de alunos que durou 68 dias, um grupo de estudantes promoveu depredações em banheiros, cozinhas, salas de aula e de professores. O quebra-quebra aconteceu nos campi Tijuca e São Cristóvão. Na Tijuca, até a cantina ficou destruída.

A destruição foi divulgada pelos próprios alunos em redes sociais, provocando discussões se o protesto tinha ido longe demais. O ato chegou a ser repudiado até por outros estudantes da unidade que também faziam parte da ocupação e estavam engajados nos protestos contra a reforma do ensino médio e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que limitou os gastos, inclusive em educação, por até 20 anos.

Quando iniciou, a ocupação teve apoio de parte dos professores do colégio. Após a depredação, no entanto, centenas de pessoas comentaram as fotos dos prejuízos na internet. Nos comentários, pais e responsáveis não concordaram com a atitude.

Na ocasião, Oscar Halac relativizou as críticas. Segundo ele, teria havido apenas pichações nas paredes, portas de armário quebradas e invasão da cantina. Mesmo assim, ele abriu um processo administrativo para apurar a extensão e o custo dos danos, que causaram indignação.

Numa carta divulgada nas redes sociais, os estudantes que fizeram as depredações deixaram claro que se manifestaram por “meio de ação direta”. A principal reivindicação desse grupo era quanto à cantina, “um espaço privado em ambiente público, que acarreta na busca por lucro e marginalização daqueles sem condições de arcar com os preços altos”, justificaram eles.